As autoridades argelinas informaram neste domingo (20/01) que o número total de reféns mortos durante a operação de retomada de controle do campo de tratamento de gás pode aumentar. Neste sábado (19/01), depois de encerrar a investida, o governo do país anunciou que 23 sequestrados e 32 insurgentes morreram durante a crise.
O balanço das vítimas já está sendo revisto pelos oficiais argelinos, enquanto governos internacionais procuram rastros de seus cidadãos envolvidos no sequestro. Segundo Mohammed Said, ministro da Comunicação da Argélia, o número de mortos apenas deve subir ao longo das próximas horas com o avanço das investigações.
Até o momento, Londres confirmou que 6 cidadãos britânicos morreram ou estão desaparecido e outros 22 sobreviveram ao sequestro. A empresa de engenharia japonesa JGC, que atuava no complexo industrial, também informou que 10 de seus 17 funcionários japoneses permanecem desaparecidos.
A emissora local Ennahar informou que as forças argelinas prenderam cinco insurgentes no campo de exploração de gás e outros três sequestradores fugiram. Até o momento de publicação desta matéria, a informação ainda não havia sido confirmada por autoridades.
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Segundo a rede de TV argelina Ennahar, 25 corpos foram encontrados neste domingo (20/01) dentro do campo de gás. A informação não foi confirmada pelas autoridades e não foi explicado se essas vítimas eram reféns ou insurgentes.
Acredita-se que muitas pessoas morreram no primeiro dia da investida militar argelina quando o Exército bombardeou o complexo industrial, mesmo com os reféns estando no local. A agência estatal argelina APS indicou que apenas na quinta-feira (18/01), pelo menos 18 membros do grupo armado teriam sido mortos. Há relatos de uma fonte da agência mauritana ANI de que 35 reféns e 16 sequestradores foram mortos no bombardeio. A rede de TV Al-Jazeera informou sobre a morte de 34 reféns, citando suas próprias fontes.
O governo da Argélia afirmou que ainda neste domingo (20/01) devem divulgar o balanço oficial de vítimas da operação.
A crise dos reféns eclodiu nesta quarta-feira (16/01) quando um grupo armado sequestrou centenas de argelinos e dezenas de estrangeiros de mais de 100 nacionalidades que trabalhavam em um campo de gás no deserto da Argélia, próximo à cidade de In Aman. Na quinta (17/01), o governo argelino lançou uma operação militar contra a zona residencial do complexo, onde estava preso o maior grupo de reféns. O campo é operado pela companhia petrolífera Noruega Statoil, a argelina Sonatrach e a britânica BP.
Desde o início do sequestro, 685 argelinos e 107 estrangeiros foram libertados, segundo os dados oficiais.
Apoio a operação argelina
O presidente francês, François Hollande, elogiou neste sábado (19/01) a atuação das forças argelinas durante a crise. Hollande, líder da intervenção militar francesa no Mali (país vizinho à Argélia) contra grupos insurgentes, disse que o governo do país não poderia aceitar negociar com os rebeldes.
No primeiro dia da operação, o Exército da Argélia bombardeou o campo de gás, apesar da presença de centenas de reféns.
O presidente reconheceu que ainda não dispõe de todos os dados da investida, mas considerou que “com tantos reféns envolvidos e terroristas tão friamente determinados, a Argélia deu a resposta mais adequada”.
Seguindo o tom de Hollande, o presidente norte-americano Barack Obama afirmou que “a culpa da tragédia recai sobre os terroristas” e não sob o governo argelino. “Estivemos em contato constante com as autoridades argelinas e estamos prontos para lhes proporcionar a assistência que necessitem após o ataque”, afirmou em comunicado.
Responsabilidade
O premiê líbio, Ali Zidan, negou neste sábado (19/01) que o ataque ao campo de gás tenha sido planejado na Líbia, como sustentam autoridades argelinas.
De acordo com o governo da Argélia, a operação foi organizada e supervisionada pelo argelino Mojtar Belmojtar, da “Brigada dos mascarados”, que supostamente se encontrava na Líbia, localizada há poucos quilômetros do complexo industrial.
Belmojtar reivindicou a autoria do ataque e afirmou que foi realizado por uma célula conhecida como “Signatários com Sangue”, criada em dezembro para tomar represálias em caso de uma intervenção militar internacional no Mali contra os grupos religiosos extremistas que controlam desde junho o norte do país.