No mesmo dia em que oficiais do governo israelense confirmaram que as negociações com a Palestina, interrompidas há mais de três anos, devem se reiniciar na próxima terça-feira (30/07), em Washington, as desavenças entre as duas partes foram evidenciadas, podendo inviabilizar novamente o processo.
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O ministro de Energia e Água de Israel, Silvan Shalom, afirmou nesta quinta-feira (25), em entrevista coletiva em Jerusalém, que os negociadores da Palestina (Saeb Erekt) e de Israel (Tzipi Livni) devem viajar aos Estados Unidos na próxima semana para discutir a agenda de negociações, cujo ponto de partida são as fronteiras de antes de 1967, que seu país não reconhece.
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Entretanto, mais tarde, fontes ligadas ao grupo de negociação informaram que os palestinos não vão comparecer à reunião inicial, a menos que Israel recue e se comprometa a libertar os prisioneiros palestinos detidos desde antes dos Acordos de Oslo, inclusive os de cidadania israelense,, além de aceitar as fronteiras anteriores a 1967 como limites entre as duas nações.
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Uma fonte citada pelo jornal israelense Haaretz afirmou que o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, não citou as fronteiras de 1967, nem a interrupção dos assentamentos ou a liberação dos prisioneiros veteranos e que, nessa situação, “é impossível começar as conversas”.
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“Nós deixamos claro para os norte-americanos que não vai ser possível começar a negociação sem um comprometimento efetivo por parte de Israel”, disse a fonte. A pessoa acrescentou ainda que o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, esclareceu algumas vezes que “não vai aceitar a divisão dos prisioneiros em categorias” para a libertação.
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O ministro israelense Silvan Shalom, que hoje anunciou a retomada das negociações para a próxima terça-feira
O governo de Netanyahu, por sua vez, deve aprovar no domingo (28) a libertação de 82 palestinos para os próximos oito ou nove meses. Sobre as fronteiras, os isralenses já declararam que seguem sem reconhecê-las.
“Não há nenhuma opção de nós aceitarmos entrar em alguma negociação que comece por definir as fronteiras territoriais ou com concessões por parte de Israel, incluído congelamento da construção” de assentamentos, disse o ministro israelense de Relações Internacionais e Assuntos Estratégicos, Yuval Steinitz para a rádio pública do país no último sábado (20).
Diante dessas circunstâncias, a retomada do diálogo entre Israel e Palestina pode ser adiada ou mesmo cancelada, como já ocorreu com tentativas anteriores. Em 2010, a última vez em que as duas partes tiveram uma negociação direta, as conversas duraram apenas três semanas.
Os palestinos aguardam por concessões por parte de Israel, ao passo que os israelenses esperam a aprovação, no domingo, de um projeto de lei que exigirá a convocação de um referendo nacional sobre as negociações de paz com a Palestina antes que o governo tome qualquer decisão.