O famoso cirurgião anglo-palestino Ghassan Abu Sitta foi detido por autoridades da França logo após a sua chegada ao aeroporto Charles de Gaulle, Paris, neste sábado (04/05).
Depois de algumas horas sob custódia da polícia local, Abu Sitta foi informado que estava impedido de ingressar ao país, devido a um decreto imposto há um mês pelo governo da Alemanha, que proibiu a sua entrada no Espaço Schengen – através do qual é controlado os vistos daqueles que desejam ingressar aos países da União Europeia. O cirurgião foi obrigado a regressar a Londres, onde mora.
A viagem à França do médico britânico descendente de palestinos visava a sua participação em uma série de eventos para o qual foi convidado para falar sobre o massacre que a população da Faixa de Gaza vem sofrendo desde outubro de 2023 devido a ofensiva promovida pelo Estado de Israel ao território, que já matou mais de 34 mil civis.
Um dos eventos que esperava pela presença de Abu Sitta iria acontecer na tarde deste mesmo sábado, no Senado da França.
O Centro Internacional de Justiça para os Palestinos, organização independente de advogados, políticos e acadêmicos, considerou que a proibição ao médico anglo-palestino configura “um assédio inaceitável a um profissional de saúde mundialmente respeitado”.
“Ele iria dar seu testemunho no Senado hoje, sobre a situação atual em que se encontra o sistema de saúde de Gaza”, acrescentou o comunicado emitido pela entidade.
Através de seus perfis em redes sociais, Abu Sitta afirmou que “a fortaleza Europa silencia as testemunhas do genocídio enquanto Israel as mata na prisão”.
O cirurgião, que foi nomeado recentemente reitor da Universidade de Glasgow, na Escócia, é um dos profissionais médicos mais conhecidos e respeitados do Reino Unido, esteve em Gaza durante os primeiros meses da ofensiva militar israelense ao território, entre novembro de dezembro de 2023, trabalhando no Hospital al-Shifa e no Hospital Batista al-Ahli.
Sua presença no Senado da França tinha como objetivo entregar um relato da situação vivida pelo sistema de saúde de Gaza em meio aos ataques promovidos pelas Forças Armadas de Israel. Nos eventos em que tem participado nas últimas semanas, Abu Sitta traz um relato dos ataques sistêmicos de Israel aos hospitais de Gaza, e lembra que ao menos 492 profissionais de saúde foram mortos durante essas ações, e que 24 hospitais já foram completamente destruídos, incluindo os dois hospitais onde ele trabalhou meses atrás.