O presidente da Síria, Bashar al Assad, disse na noite desta quarta-feira (26/09) que uma saída para a crise de seu país passa antes pelo fim do apoio aos grupos armados opositores por outros países. O chefe de Estado também se mostrou cético sobre o resultado da reunião de cúpula internacional na Suíça, chamada de “Genebra 2”, com o objetivo de alcançar um acordo de paz para acabar com a guerra civil no país.
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Em entrevista à multiestatal latino-americana Telesur, ele também não descartou a hipótese de os Estados Unidos empreenderem uma ação militar contra seu país no futuro, mesmo que por outra razão que não seja uma represália pelo ataque de armas químicas ocorrido em agosto, nos arredores de Damasco, que matou cerca de 1.400 pessoas – os EUA acusam o governo sírio, que nega a acusação e culpa a oposição. Segundo o presidente, a “história prova” que os EUA sempre “criarão um pretexto” para a guerra se esta tiver como objetivo atender os interesses norte-americanos em determinada região, citando como exemplo a América Latina durante o período da Guerra Fria.
Telesur
O presidente sírio Bashar al Assad, durante entrevista
Segundo o presidente, para que a paz seja alcançada, é “inevitável” um diálogo entre “todas as partes sírias” em conflito. “Para uma ação política é necessário primeiro o fim do terrorismo e do fluxo de terroristas dos países vizinhos, assim como o fim do apoio a esses terroristas, seja logístico ou com dinheiro e armas”, disse.
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Sobre a cúpula de Genebra 2, Assad a considera um “passo necessário”, mas também fez ressalvas. “A convenção de Genebra é um passo necessário e importante para a abertura de um caminho para o diálogo entre os diversos grupos sírios, mas não substitui o diálogo interno na Síria e também não substitui a opinião do povo sírio”, assinalou.
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Além disso, sustentou que “não se chegará a um resultado prático se não for interrompido o apoio ao terrorismo”.
O presidente voltou a negar que seu governo tenha usado armas químicas e acusou os rebeldes que querem derrubá-lo. “Todas as provas indicam que foram os terroristas que usaram as armas químicas na periferia de Damasco”, disse, após afirmar que “todos os indícios” mostram que seu governo “não as utilizou” e que aqueles que têm “interesse” em fazê-lo “são os terroristas”.
Uma missão das Nações Unidas começou na quarta-feira (25) uma nova inspeção na Síria para completar sua investigação sobre o uso de armas químicas durante o conflito no país, quase um mês depois de sua visita anterior.
Durante a visita de agosto, os inspetores encontraram “provas claras e convincentes” do uso de gás sarin no ataque do dia 21 desse mês no distrito de Guta, na periferia de Damasco.
Após o acordo em Genebra entre EUA e Rússia para destruir o arsenal químico sírio, os EUA querem agora uma resolução que invoque o Capítulo 7 da Carta da ONU, que abriria a porta para sanções e, inclusive, o uso da força, caso o regime sírio não cumpra com os termos do pacto.