A Justiça tailandesa emitiu nesta segunda-feira (02/12) uma ordem de prisão contra Suthep Thaugsuban, o líder da oposição no país, pelo crime de insurreição, após os confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes que exigem a saída do governo e da primeira-ministra Yingluck Shinawatra.
As acusações contra Thaugsuban, ex- vice-primeiro-ministro e atualmente envolvido com as manifestações, “são passíveis de pena de morte ou prisão perpétua”, declarou à televisão Chayut Thanataweerat, um comandante da polícia.
Agência Efe
O líder da oposição, Suthep Thaugsuban, fala a simpatizantes durante manifestação na sede do governo
A polícia e os manifestantes antigovernamentais se enfrentaram nesta segunda-feira pelo segundo dia consecutivo nas ruas de Bancoc, onde se recrudesceram os protestos.
No confronto, os manifestantes ocuparam a sede do governo e o quartel-general da polícia metropolitana, onde os agentes utilizaram gás lacrimogêneo, canhões de água e munição de borracha para tentar dispersar os manifestantes.
Os agentes alternaram as chamadas de ordem com os lançamentos de bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água, dos quais os manifestantes se defendiam com máscaras, óculos de natação e bolsas de plástico, e respondiam com garrafas, pedras e atiradeiras.
Leia mais:
Confronto entre defensores e opositores do governo termina com morte na Tailândia
Os opositores conseguiram retirar com cordas vários blocos de cimento colocados pela polícia nas entradas da sede do governo e da Polícia Metropolitana, fortemente protegidas por cerca de 2 mil policiais antidistúrbios. Durante a tarde, os manifestantes se dispersaram quando os líderes dos protestos anunciaram uma trégua enquanto negociam com as autoridades.
Em um discurso pela TV, Yingluck Shinawatra tinha dito horas antes que não pensa renunciar ao cargo tal como exigem os manifestantes antigovernamentais, para os quais voltou a oferecer diálogo.
A primeira-ministra qualificou como “inaceitáveis” e contrárias à Constituição as reivindicações de Suthep Thaugsuban, para que ceda o poder a um conselho popular. “Quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance para fazer o povo feliz. Mas como primeira-ministra, o que posso fazer deve estar dentro da Constituição”, argumentou Yingluck.
A primeira-ministra tailandesa, que no domingo (01/12) à noite manteve um encontro propiciado pelos chefes do exército com Suthep, reiterou que está disposta a “abrir qualquer porta” para negociar com os manifestantes.
NULL
NULL
As mobilizações antigovernamentais, que começaram em outubro, se intensificaram há uma semana com o assédio de ministérios e edifícios governamentais, incluindo a ocupação até hoje do Ministério das Finanças e do complexo governamental de Chaeng Wattana.
“Não apoiamos a violência, os manifestantes não querem machucar ninguém, só ocupar os edifícios públicos. É preciso pôr fim a toda a corrupção deste governo”, declarou Naruemon Workman, manifestante do coletivo Santi Asok.
Leia mais:
Comunicações ficaram instáveis na Tailândia, diz brasileiro da ONU que está em Bancoc
“Necessitamos de um novo sistema com pessoas que não se deixem corromper”, acrescentou Naruemon, procedente da província de Ubon Ratchathani (nordeste). Os manifestantes acusaram a primeira-ministra de amparar a corrupção e governar a favor de seu irmão, o ex-premiê Thaksin Shinawatra, a quem acusam de dirigir o país de fato desde o exílio.
A Tailândia passa por uma grave crise política desde o golpe militar que em 2006 derrubou o governo de Thaksin, sobre o qual pesa uma condenação de dois anos de prisão por corrupção.
Thaksin e sua irmã contam com grande respaldo entre as classes baixas e as áreas rurais do nordeste, enquanto grande parte de seus opositores procedem das classes médias e altas urbanas e de setores próximos ao exército e da monarquia, assim como das províncias sulistas.
Entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, pelo menos três pessoas morreram e 50 ficaram feridas, segundo o último balanço oficial, nos enfrentamentos entre seguidores e opositores do Executivo em torno da Universidade de Ramkhamhaeng e o estado Rajamangala, no noroeste da capital.
Após os incidentes, os simpatizantes do Executivo, conhecidos como os “camisas vermelhas”, suspenderam as mobilizações em Rajamangala.
(*) com agências de notícias internacionais