Centenas de estudantes da Universidade de Havana realizaram ato em apoio à luta do povo palestino e em solidariedade aos estudantes universitários dos Estados Unidos que foram reprimidos por denunciarem o apoio de seu governo aos crimes cometidos pelo Estado de Israel.
A manifestação da última sexta-feira (03/05) foi iniciativa da Federação de Estudantes Universitários (FEU), juntando-se às dezenas de instituições de ensino em todo o mundo que vêm liderando ações e manifestações condenando as ações genocidas do Estado de Israel, que desde 7 de outubro já registrou quase 35 mil mortes.
Ao Brasil de Fato, José Almeida Cabrales, presidente estudantil da Universidade de Havana, explicou que “estamos aqui simplesmente porque as pessoas querem que seja assim: elas querem participar, querem se manifestar. Porque não podemos mais permitir que o genocídio aconteça”.
Cercado por jovens que gritavam “Biden patrocina, Israel assassina”, José Almeida Cabrales reflete: “por que não podemos permitir isto? Porque o que está em jogo em Gaza não é apenas o destino da Palestina, mas o da humanidade. E porque é uma causa justa e digna que todos nós temos que defender”.
Desde o início da nova escalada de agressões contra o povo palestino, vários eventos culturais, políticos e sociais foram realizados em Cuba em apoio ao povo palestino. Vários deles foram até mesmo liderados pelo próprio presidente de Cuba, Miguel Díaz Canel, exigindo cessar-fogo.
Na mesma sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, aproveitou a oportunidade para destacar em sua conta X (antigo Twitter) que “o governo dos Estados Unidos leva a duplicidade de critérios a um novo patamar, quando manipula a resposta a protestos e atos de vandalismo que eles estimulam para desestabilizar Cuba e reprime violentamente protestos pacíficos de seus estudantes que denunciam a cumplicidade de seu país no genocídio de Israel em Gaza”.
Mais de 2 mil estudantes foram presos nos Estados Unidos até o momento. As brutais repressões policiais ocorreram em cerca de 40 campi universitários em 25 estados.
Enquanto isso, os protestos estudantis continuam a se multiplicar, provocando uma verdadeira onda de acampamentos contra o genocídio na Palestina em todo o mundo, com acampamentos no México, Costa Rica, Índia, Austrália, Espanha, França, Alemanha e Itália.
Uma relação histórica
Cuba é o país da América Latina e do Caribe que não mantém relações diplomáticas com o Estado de Israel há mais tempo. O rompimento das relações foi anunciado em 1973 por Fidel Castro durante a cúpula dos Países Não Alinhados realizada na Argélia. Desde então, as relações nunca mais foram restabelecidas. Israel é o único Estado do mundo que invariavelmente e sistematicamente votou com os Estados Unidos contra as resoluções da ONU que pediam o fim do bloqueio contra Cuba.
Desde o triunfo revolucionário, Cuba tem dado apoio diplomático e material à causa palestina em diferentes fóruns internacionais, como parte dos princípios anti-imperialistas e anticoloniais defendidos pelo Estado cubano.
As relações entre Cuba e a Palestina se estreitaram a partir de meados da década de 1970. Desde então, e até hoje, Cuba mantém uma política de bolsas de estudo para que jovens palestinos façam seus estudos universitários gratuitamente na ilha. Dessa forma, ano após ano, centenas de jovens palestinos de Gaza, da Cisjordânia, mas também de campos de refugiados, viajam para a ilha para poder estudar.
Diante das centenas de estudantes reunidos nos degraus da Universidade de Havana, Watan Jamil Alabed, um médico palestino formado em Cuba, disse que “nosso apelo hoje não é para mostrar solidariedade com a causa palestina. Porque não nos solidarizamos com o que é nosso. Nós somos a espinha dorsal da causa palestina. Nós, como jovens, somos a principal trincheira que fará as mudanças”.