A NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos), envolvida em um escândalo internacional de espionagem em massa, tem realizado uma série de mudanças em sua estrutura para evitar outros vazamentos de informações e o surgimento de um novo Edward Snowden, ex-funcionário que interceptou milhares de documentos e os repassou à imprensa, hoje exilado na Rússia.
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As declarações foram feitas pelo agente Richard Ledgett, responsável por comandar uma força-tarefa da NSA para responder ao episódio Snowden e melhorar a imagem da agência, em uma entrevista ao programa dominical “60 Minutes”, da rede norte-americana de TV CBS.
A entrevista foi realizada por John Miller, ex-assistente de Relações Públicas do FBI (órgão equivalente à Polícia federal dos EUA) e que é apontado para concorrer a um cargo da inteligência da polícia nova-iorquina. Tanto o entrevistado quanto o entrevistador teceram várias críticas a Snowden.
Agência Efe
Sede da NSA em Forte Meade, em Maryland, leste dos Estados Unidos
As 41 mudanças técnicas preveem punições disciplinares, aumento na supervisão dos funcionários e das subsidiárias, além de aumentar o controle e o rastreamento dos dados e das operações. Essas alterações foram recomendadas por um grupo de revisão da Casa Branca após o vazamento das informações de Snowden, que interceptou 1,7 bilhão de arquivos.
Entre as medidas de precaução estão a presença física obrigatória de duas pessoas para cada lugar onde um dado sigiloso possa ser acessado. Também está prevista a melhora no recrutamento e na frequência dos exames de seu pessoal, além de um reforço na segurança de seu sistema de acesso administrativo.
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Ledgett reconhece que a agência fez um mau trabalho em sua resposta pública inicial após as revelações de Snowden, as quais ele classifica como “catastróficas” para a imagem da instituição. “Nós, como uma agência, fomos um pouco ingênuos. Há muito tempo estávamos nos limitando a responder que o assunto não era nosso ou ‘sem comentários’, e não fomos hábeis em apresentar nosso rosto para o público”, disse. “Demoramos para aprender a lição, o que você está vendo agora é nossa nova cara”, afirmou, prometendo maior transparência.
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O agente também defendeu a missão da agência em rastrear planos terroristas e o que considera outras ameaças, dizendo que suas atividades são realizadas dentro das leis e das políticas norte-americanas e que o monitoramento realizado por ela não é excessivo nem agressivo. Segundo ele, não há qualquer evidência que Snowden tenha recebido ajuda de outra pessoa na agência, por isso até agora ninguém foi demitido pelo caso, e que já foi possível detectar 98% do conteúdo do material interceptado.
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Quanto a Snowden, Ledgett não poupa críticas, afirmando que discorda de quem o defende e o classifica de denunciante (whistleblower, em inglês), pois ele teve todas as oportunidades para se exprimir por outras vias para desabafar suas insatisfações com os procedimentos da agência. “É um desserviço aos denunciantes ao classificarmos Snowden como um deles”.
Ledgett, que é considerado um dos principais candidatos para ser escolhido como vice-presidente da agência, disse ser possível conceder uma anistia a Snowden caso ele entregue todos os documentos. “Eu precisaria de garantias que o restante dos dados esteja seguro e meu rigor para essa garantia seria muito alto. Precisaria de mais do que uma simples promessa dele”, afirmou. No entanto, ele deu essa declaração como opinião pessoal e o comando da NSA – que será trocado no meio do ano que vem –, consultado pelo jornal britânico The Guardian, disse não considerar essa possibilidade, pois isso poderia incentivar o surgimento de novos delatores.