A Câmara Alta do Senado russo revogou nesta quarta-feira (25/06) a permissão que havia sido outorgada ao presidente Vladimir Putin em março de intervir militarmente na Ucrânia. A informação foi recebida com ceticismo pelo governo norte-americano, para quem a medida “pode ser revertida em dez minutos”.
Agência Efe
Putin disse que é necessário “o estabelecimento de um processo de negociação sólido” na Ucrânia
Segundo a presidência russa, Putin pediu na terça (24/06) a revogação da autorização com o objetivo de apoiar “a normalização da situação nas regiões orientais da Ucrânia” e também para favorecer o início das negociações entre as partes em conflito.
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Ao apresentar o projeto de resolução, o presidente do Comitê de Defesa e Segurança do Senado, Viktor Ozerov, destacou que a Rússia se reserva o direito de supervisionar a situação no país. E acrescentou que “a Constituição e as leis federais concedem ao presidente russo funções suficientes para influenciar na situação na Ucrânia”.
A presidente do Senado, Valentina Matvienko, disse não acreditar “que o Conselho da Federação votará novamente para aprovar a lei que permite uma intervenção militar na Ucrânia”, como informou a agência Rússia Today.
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A decisão, de cumprimento imediato, foi aprovada por 153 votos a favor e um contra, sem abstenções.
Cessar-fogo
Em declaração proferida hoje, Putin insistiu na necessidade de prorrogar o cessar-fogo na Ucrânia durante uma conversa telefônica com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, o francês, François Hollande, e com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Segundo o Kremlin, Putin, Poroshenko, Merkel e Hollande “se mostraram certos de que a revogação contribuirá para diminuir a tensão”.
Agência Efe
Para Kerry, Rússia precisa demonstrar “com fatos e não só com palavras que está totalmente comprometida com a paz”
Estados Unidos
Em entrevista coletiva concedida hoje, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse, no entanto, que a anulação da permissão de uma ação militar na Ucrânia “foi um grande passo, mas poderia ser revertido em dez minutos e todo mundo sabe isso”.
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Kerry afirmou que seria diferente se a Rússia pedisse “publicamente” aos separatistas do leste da Ucrânia que entreguem as armas e deixem os edifícios públicos que ocuparam, e que mobilizasse sua diplomacia ou impedisse a passagem de tanques para o país vizinho.
“Até que Rússia não faça esse tipo de compromisso com o processo de paz, os Estados Unidos e a Europa vão continuar preparando sanções mais duras. Espero que não seja necessário utilizá-las, mas isso dependerá das eleições da Rússia nos próximos dias e semanas”, apontou.
Por outro lado, o secretário, que participou de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da Otan, elogiou Kiev por ter “dado a mão” aos separatistas e às autoridades russas por meio do plano de paz preparado pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
Otan
Os chanceleres da Otan decidiram hoje manter a decisão de suspender a cooperação prática com a Rússia devido ao que chamaram de “agressão” à Ucrânia, e em consonância com as declarações de Kerry, exigiram que Moscou dê passos “verdadeiros e efetivos” para apoiar o plano de pacificação do leste ucraniano.
“Em abril, dissemos que não iríamos seguir como sempre com a Rússia. Hoje não vemos mudanças em seu comportamento, por isso não temos outra opção senão manter a suspensão da cooperação prática militar e civil até que a Rússia volte à linha de suas obrigações internacionais”, destacou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em entrevista coletiva.