O jornal norte-americano The New York Times anunciou que passará a usar a palavra “tortura” em suas publicações. Até então, o diário se referia à prática como “métodos brutais empregados pelo serviço secreto em interrogatórios” para se referir à maneira utilizada pela agência de inteligência do país para conseguir informações.
Agência Efe
Organismos internacionais têm denunciado as diversas humilhações e torturas a que foram submetidos os presos em Guantánamo
O editorial publicado ontem pelo jornal diz que o debate foi iniciado na Redação há 10 anos, quando surgiram as primeiras informações dos métodos brutais de interrogatórios, e se intensificou nos últimos meses.
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A justificativa para não empregar o termo é que “a palavra ‘tortura’ tem um significado jurídico preciso e um sentido linguístico “drástico”. Além disso, a publicação argumentava que, para o Departamento de Justiça, do ponto de vista jurídico, não eram cumpridas as condições para o uso da expressão.
O jornal descrevia o que era conhecido sobre as práticas, mas evitava o termo “em disputa”, mas eram utilizadas palavras como duros ou brutais métodos de interrogatório.
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Mas, diante do fato de que a CIA aplicou técnicas de sufocamento, afogamento e manteve presos em caixas fechadas para provocar claustrofobia, além de impor prolongada privação de sono às pessoas, “a disputa legal em torno do sentido da palavra ‘tortura’ é secundária para o sentido comum: o uso de dor para fazer alguém falar”.
Assim, após a reivindicação dos repórteres, o jornal reconsiderou e “a partir de agora o Times utilizará a palavra ‘tortura’ para práticas nas quais ficar claro que se infligiram danos a presos para conseguir informação”, diz o texto.