A reeleição do presidente boliviano, Evo Morales, com cerca de 60% dos votos, neste domingo (12/10), representa o apoio da maior parte da “população ao programa econômico desenvolvido por ele, que significa mais presença do Estado, com a estatização de setores importantes para o país, como os hidrocarbonetos”, e a implementação de diversos programas sociais. A opinião é do jornalista e consultor da emissora multiestatal TeleSUR, Beto Almeida.
A contagem rápida realizada pelo instituto Ipsos e por pesquisas de boca de urna apontam que o mandatário obteve cerca de 60% dos votos, contra 25% do principal opositor, Samuel Doria Medina, que reconheceu a derrota.
O bom momento econômico que vive o país, com um crescimento de 6,4%, segundo estimativa do FMI, em conjunto com a melhoria dos indicadores sociais, são apontados por analistas como alguns dos motivos pelos quais o presidente goza de apoio massivo da população.
Almeida, que foi premiado com a Medalha Félix Elmuza em Cuba devido ao apoio que tem prestado ao jornalismo e à comunicação latino-americanos, concorda com essa análise e ressalta também, em entrevista a Opera Mundi, a importância que a democratização dos meios de comunicação teve no processo que vem sendo desenvolvido no país. “Hoje a Bolívia tem vários instrumentos que possibilitam o contraditório. Evo cansou de ser chamado nas manchetes dos jornais de ‘narco presidente’ e por isso criou o jornal Câmbio, que é vendido a preços populares e se contrapõe ao tradicional La Razón. Também foram criados mecanismos de apoio à comunicação comunitária, universitária e indígena, com rádios que transmitem no idioma das etnias, de acordo com as regiões em que vivem”, pontuou.
Para o jornalista, essas mudanças apontam que a reeleição de Evo “tem um significado importante para o Brasil e toda a América Latina”.
Agência Efe
Sacerdotes amautas celebram vitória do presidente em comemoração na Praça Murillo
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Os cerca de 40% de votos obtidos por setores da oposição representam “o tamanho que a direita tem no país”, disse.
Quanto à crítica que o mandatário recebe, inclusive de setores indígenas e sindicais ligados à COB (Central Operária Boliviana), Beto Almeida ressalta que, para conseguir tamanho apoio eleitoral, foi preciso ampliar a base de apoio. Nem sempre, afirma, “é possível adotar todas as medidas em um ritmo que não signifique isolamento em defesa de algumas palavras de ordem”.
Atraso na contagem dos votos
A ameaça de hackers e problemas de logísticas foram apontados pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) como responsáveis pelo atraso na contagem oficial das eleições. A previsão era de que o resultado seria anunciado à meia-noite de ontem, como estava programado. Mas o órgão eleitoral teve que tomar uma série de medidas de proteção do sistema para garantir a transmissão dos dados.
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As informações que estão sendo divulgadas têm como base pesquisas de boca de urna e a contagem rápida realizada por empresas contratadas pelos meios de comunicação bolivianos. Apesar de extraoficial, todos os candidatos aceitaram o resultado, como é tradição no país.
A legislação eleitoral do país dá aos tribunais departamentais até sete dias para que os informes sejam transmitidos ao TSE, que tem mais cinco dias para anunciar os dados de maneira oficial.