O chefe de Estado dos EUA, Barack Obama, pediu desculpas nesta quarta-feira (07/10) para a presidente internacional da MSF (Médicos Sem Fronteiras), Joanne Liu, pelo bombardeio liderado pelos norte-americanos no hospital do grupo, no Afeganistão.
O ataque ocorreu na madrugada do último sábado (03/10), na cidade de Kunduz, e deixou 22 mortos, dos quais 12 eram funcionários da organização humanitária.
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EFE
Obama também se desculpou ao governo afegão
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, Obama ofereceu condolências aos funcionários da ONG internacional e assegurou à Liu, com quem se reuniu hoje, que haverá uma dura e objetiva análise dos fatos.
Obama também afirmou à equipe que os EUA farão mudanças para fazer com que esses incidentes tenham menos probabilidade de ocorrer. Na ocasião do ataque, enfermeiros e médicos da organização ligaram para Washington para alertar que havia um bombardeio muito próximo do hospital e repassaram as coordenadas geográficas precisas da instalação.
De acordo com a Casa Branca, Obama também conversou com o presidente afegão, Ashraf Ghani, e pediu para manter trabalho próximo com o governo local.
Nesta manhã, a MSF pediu que uma comissão internacional investigue o ataque em Kunduz, conforme a Convenção de Genebra. Obama pede desculpas a presidente de MSF por ataque a hospital no Afeganistão.
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Joanne Liu, presidente de MSF: 'Até a guerra tem regras!', afirmou em pronunciamento no Palácio das Nações em Genebra
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“O direito humanitário internacional é sobre intenções e fatos. O ataque dos Estados Unidos é a maior perda que nossa organização sofreu em um bombardeio”, afirmou Liu em entrevista coletiva. “Dizemos basta, inclusive nas guerras há regras”, acrescentou.
Ontem, o chefe das forças dos EUA no Afeganistão, o general John Campbell, admitiu que o bombardeio foi um “erro” e uma “decisão” da rede de comando militar norte-americana.
“Fornecemos apoio aéreo a forças afegãs que precisam. A decisão do ataque aéreo foi uma decisão dos Estados Unidos realizada pela rede de comando norte-americana”, reconheceu o general em uma audiência no Senado.
Reprodução/MSF
MSF atua no Afeganistão desde 1980 e seu hospital em Kunduz é o único da cidade
Segundo a ONU, o bombardeio da instalação de MSF deixou a região afegã sem nenhum centro sanitário, deixando mais de 300 mil pessoas sem atendimento médico especializado. Além disso, o hospital era o único de Kunduz.
O ataque de último sábado foi condenado também pelos talibãs, que acusam a agência de inteligência do Afeganistão teria passado informações falsas aos EUA, levando ao ataque ao hospital.
Em 2001, os talibãs foram expulsos do poder após uma invasão liderada pelos Estados Unidos no país. Desde então, Washington mantêm uma missão de combate no país com cerca de 9.800 soldados que devem permanecer no local até final do ano. O fim das tropas no Afeganistão foi uma das principais bandeiras eleitorais de Obama durante campanha.
Reprodução/MSF
Hospital após ofensiva: Muitos pacientes e profissionais permaneceram desaparecidos após bombardeio