Atualizada às 21h52
Os delegados de 195 países aprovaram unanimamente neste sábado (12/12) a resolução final da Conferência do Clima de Paris (COP21), divulgada nesta manhã pelo presidente do plenário e ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius. O Acordo de Paris, como foi designado pela ONU, estabelece medidas para a redução de gases-estufa pelos países, com o intuito de diminuir a ação humana nas mudanças climáticas.
EFE
Segundo as normas da ONU, o texto só poderia ser adotado caso fosse uma decisão unânime dos países
“Convido a COP a adotar o documento do Acordo de Paris. Vejo que não há objeções. O Acordo de Paris está aprovado”, disse Fabius no plenário da conferência, por volta das 19h20 locais (16h20 horário de Brasília). No plenário da conferência, os negociadores ovacionaram a aprovação do Acordo.
#ParisAgreement is adopted in #Paris at #COP21! #GoCOP21 pic.twitter.com/9wCxyshWa7
— COP21en (@COP21en) December 12, 2015
Mais cedo, Fabius classificou o Acordo como “ambicioso e equilibrado”. François Hollande, presidente francês, afirmou que é uma época “decisiva” para se tomar medidas em favor do clima mundial. O documento, que deveria ter sido votado na sexta-feira (11/12), teve sua votação adiada para as 15h45 deste sábado (horário de Paris). O processo, entretanto, atrasou quase quatro horas. Em nota, o plenário esclareceu que o atraso ocorreu devido a problemas com a tradução do texto.
O Acordo de Paris está disponível online nos seis idiomas oficiais da ONU (árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo).
Pouco depois da aprovação do Acordo, líderes mundiais deram declarações favoráveis ao documento. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse em nota que “esta geração tomou medidas vitais para garantir que nossos filhos e netos vejam que cumprimos nosso dever”. “O que há de tão especial nesse acordo é que ele coloca o ônus de fazer sua parte em todos os países”. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou no Twitter que o Acordo foi possível graças à liderança dos EUA. “Isso é enorme: Quase todos os países do mundo acabaram de assinar o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, graças à liderança norte-americana”, diz a mensagem.
This is huge: Almost every country in the world just signed on to the #ParisAgreement on climate change—thanks to American leadership.
— Barack Obama (@BarackObama) December 12, 2015
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, também se manifestou por meio de seu perfil pessoal do Twitter. Nas mensagens, ela destacou a participação da delegação brasileira na formulação do Acordo, afirmando que o país trabalhou como “facilitador e construtor das soluções adotadas”.
O Acordo de Paris é justo, ambicioso, equilibrado, duradouro e juridicamente vinculante #COP21
— Dilma Rousseff (@dilmabr) 12 dezembro 2015
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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o Acordo “demonstra solidariedade” e que os mercados “agora possuem o sinal que precisam para desencadear um crescimento com pouco carbono”. “O que antes era impensável, agora é imparável”, disse ele. Carole Dieschbourg, presidente do Conselho da União Europeia, disse que é necessário “traduzir esse acordo em ação concreta”. Ela afirmou que se trata de um “grande desafio”, mas que está “confiante” de que será realizado.
O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, e presidentes-executivos de companhias multinacionais como Unilever e The Climate Group também elogiaram o Acordo de Paris.
Entenda o Acordo
Com a aprovação, os países signatários se comprometem a impedir que a temperatura do planeta aumente mais de 2 ºC em relação à era pré-industrial, tentando limitar o aumento a 1,5 ºC. Para tanto, eles realizarão revisões, a cada cinco anos, das metas nacionais de redução das emissões de gases do efeito estufa e de descarbonização a longo prazo.
A resolução também fixa como piso para o financiamento climático um mínimo de US$ 100 bilhões (R$ 380 bi, aproximadamente) anuais a partir de 2020. O valor será recalculado em 2025.
Ao apresentar o documento, Fabius defendeu que a medida é “imprescindível para garantir a segurança alimentar, a saúde pública, os direitos fundamentais e a paz”.
O novo acordo substituirá o Protocolo de Kyoto, ratificado em 1998. Ele entrou em vigor apenas em 2005 e, dez anos depois, os objetivos iniciais do protocolo não foram cumpridos. O Protocolo de Kyoto expirou em 2012, apesar de terem ocorrido negociações mal-sucedidas para renovar metas e prazos.
Insatisfação popular
Após o texto ter sido divulgado pelo presidente da COP21, manifestantes em Paris foram às ruas protestar contra as conclusões da cúpula, que consideraram insuficientes para combater o aquecimento global.
EFE
Manifestantes protestaram em Paris, cidade onde ocorre a COP21, contra as atitudes dos líderes mundiais para conter o aquecimento global
O delegado regional da polícia de Paris, Michel Cadot, lembrou que manifestações estão proibidas pelo estado de emergência vigente na França, após uma série de ataques que ocorreu a capital do país no mês passado. Três atos, contudo, serão tolerados, incluindo uma corrente humana que foi formada ao redor da torre Eiffel enquanto os representantes dos governos deliberavam.
Segundo Cadot, cerca de 2.000 agentes foram mobilizados para evitar protestos violentos.
“O que estamos a ponto de conhecer é um acordo medíocre. Os países não conseguem entrar em acordo sobre os objetivos de redução de emissões que necessitamos”, disse um dos manifestantes à Agência Efe.