O Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ, na sigla em inglês) divulgou neste domingo (03/04) cerca de 11 milhões de documentos vazados de uma empresa de advocacia do Panamá que supostamente revela o funcionamento de empresas offshore em paraísos fiscais e quantias bilionárias em nome de políticos, empresários e celebridades internacionais.
Os “Panama Papers”, que estão sendo considerados o maior vazamento de documentos confidenciais já realizado, dizem respeito às atividades da empresa panamenha Mossack Fonseca e supostamente mostram como a companhia ajuda seus clientes a lavar dinheiro, evitar sanções e evadir impostos.
Agência Efe
Sede do escritório da empresa Mossack Fonseca na Cidade do Panamá
Segundo a BBC, os documentos implicam pelo menos 72 ex-chefes de Estado e líderes em exercício em esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos com a administração de empresas offshore (em território estrangeiro) não declaradas.
Entre eles estão o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, os presidentes chinês, Xi Jinping, sírio, Bashar al-Assad, e argentino, Mauricio Macri, e o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, entre vários outros. Entre as celebridades estariam o ator Jackie Chan, o jogador argentino de futebol Lionel Messi e o cineasta espanhol Pedro Almodovar.
Uma das principais revelações diz respeito à suposta ligação do presidente russo, Vladimir Putin, a um esquema bilionário de lavagem de dinheiro que envolve o banco russo Rossiya e várias pessoas próximas a Putin.
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De acordo com a BBC, os fundos eram passados a empresas em paraísos fiscais em nome de pessoas próximas ao presidente russo, como o músico Sergei Roldugin, um de seus melhores amigos.
Documentos da empresa de advocacia panamenha estabelecem que as empresas de Roldugin são “uma barreira corporativa estabelecida principalmente para proteger a identidade e a confidencialidade do beneficiário último da companhia”. Segundo a imprensa internacional, os bilhões de dólares nos nomes de amigos de Putin seriam de propriedade do presidente russo.
Já no Brasil, os documentos revelam 107 novas offshore ligadas a pessoas citadas na Operação Lava Jato.
A Mossack Fonseca, que atua há mais de 40 anos, nega as acusações e diz que nunca foi alvo de nenhum processo por atividades ilegais. “Se detectamos atividade suspeita ou má-conduta, somos rápidos em reportar às autoridades. Similarmente, quando as autoridades nos contatam com evidências de possível má-conduta, sempre cooperamos integralmente”, declarou a empresa.
Os documentos foram entregues por uma fonte anônima ao jornal alemão Suddeutsche Zeitung, que o repassou ao ICIJ, rede formada por jornalistas de diversos países que tem investigado as informações há um ano. O ICIJ pretende divulgar as informações contidas nos documentos ao longo dos próximos dias.
*Com Ansa, Efe e BBC