James Cleveland “Jesse” Owens chegou confiante na Olimpíada de Berlim-1936. “Sem querer ser presunçoso, acho que vou ganhar três medalhas de ouro na Olimpíada”, afirmou o norte-americano de Alabama. E Jesse Owens não só cumpriu a promessa, mas a superou ao conquistar quatro medalhas de ouro nos 100m, 200m, salto em distância e revezamento 4x100m. E também bateu o recorde olímpico em todos estes eventos exceto nos 100m. Ele também desafiaria a noção de superioridade racial do Führer alemão, Adolf Hitler.
Em 4 de agosto de 1936, Owens ganha a medalha de ouro no salto em distância. Era a segunda das quatro medalhas de ouro que Owens ganhou em Berlim.
Owens afirmou sua presença de campeão no cenário atlético internacional aos 21 anos, em 25 maio de 1935, como estudante universitário da Universidade Estatal de Ohio, ao estabelecer três recordes mundiais e igualar um quarto no Campeonato do Dez Melhores em Ann Arbor, Michigan.
“A Bala de Ohio” começou sua tarde de ouro ao correr os 100 metros rasos em exatos 10,4 segundos, para igualar o recorde mundial. Apenas dez minutos depois, saltou no salto em distância 8m13, recorde mundial que perduraria por 24 anos, para ser superado apenas em 12 de agosto de 1960, em Walnut, Califórnia, pelo atleta afro-americano Ralph Boston, com 8m21.
E, de novo, dez minutos mais tarde, Owens estabelece outro recorde mundial correndo os 200 metros rasos em 20,3 segundos. Finalmente, menos de uma hora depois da competição ter sido iniciada, Owens correu os 200 metros com barreiras – prova não olímpica – em 22,6 segundos, em seu terceiro indiscutível recorde mundial do dia. A impressionante performance causou sensação em todo o país e o mundo do atletismo passou a vislumbrar como poderia ser o seu desempenho nos Jogos de Berlim.
Racismo
Owens vinha sendo abertamente alvo do escárnio dos funcionários nazistas antes de sua chegada a Berlim. Alguns chegaram a chamá-lo, bem como aos seus companheiros negros, como atletas “não humanos”. Owens já havia respondido aos ataques em 3 de agosto, quando derrotou por pouco seu companheiro de equipe, também afro-americano, Ralph Metcalfe para ganhar os 100 metros num impressionante 10,3 segundos, tempo que seria considerado novo recorde mundial se não tivesse sido levemente auxiliado por um “vento a favor”.
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Na prova classificatória de 4 de agosto, após ter queimado seus dois saltos iniciais, Owens finalmente abriu o caminho para a final, quando se defrontaria com o jovem atleta alemão, Lutz Long. Long igualou o franco favorito Owens em seu segundo salto, porém Owens respondeu ao desafiante em sua terceira tentativa ao saltar 8m06, o primeiro salto acima dos 8 metros na história dos Jogos Olímpicos e recorde olímpico, que só seria superado 24 anos depois nos Jogos Olímpicos de Roma de i960 por Ralph Boston que saltou 8m12. Lutz Long ficou em segundo lugar com 7m87. Finda a prova, Owens e Lutz deram a volta olímpica de braços dados sob aclamação do público alemão. Hitler deixou de imediato o estádio, para não ter de presenciar a cerimônia de premiação.
Long, o campeão alemão, conversou com Owens durante toda a prova. Long chegou a orientar e encorajar Owens, quando este quase falhou na tentativa de se classificar nas eliminatórias do salto em distância. O alemão morreu em combate lutando com as tropas da Wehrmacht na Sicília, em 1943, e por seu espírito esportivo foi condecorado postumamente pelo Comitê Olímpico Internacional com a medalha Pierre de Coubertin.
Owens ganharia sua terceira medalha de ouro, estabelecendo seu segundo recorde olímpico nos 200 metros no dia seguinte, com a importante marca de 20,7 segundos. Em 9 de agosto, finalmente, ajudou sua equipe de revezamento 4×100 a conquistar a medalha de ouro olímpica com o recorde mundial de 39,8 segundos. Owens e Metcalfe substituíram dois atletas judeus da equipe, Marty Glickman e Sam Stollier, originalmente escalados para correr o revezamento.
Tempos depois, a delegação dos Estados Unidos foi criticada por essa movida, que foi considerada como um gesto de contemporização com Hitler e com o Partido Nazista, que provavelmente ficariam ainda mais furiosos se vissem judeus, alvos frequentes do ódio e do assédio nazista, levarem medalhas para casa.
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