O cientista nuclear iraniano Mustafá Ahmadi Roshan, de 32 anos, morreu nesta terça-feira (11/01) após uma bomba explodir em seu carro, dentro de uma universidade em Teerã. Outros dois passageiros que estavam no veículo ficaram feridos na explosão e estão hospitalizados. Autoridades iranianas culpam o Mossad, serviço secreto israelense, pela organização do atentado, com auxílio dos Estados Unidos.
Segundo testemunhas citadas pela cadeia Press TV, a bomba foi colocada no veículo por um indivíduo que viajava em uma motocicleta. A explosão ocorreu no campus da Universidade Allameh Tabatai, na região leste da capital persa.
Um dos feridos, com lesões nas mãos, nas pernas e no peito, está sendo operado no hospital Iranmehr. O outro se encontra em estado crítico no hospital Resalat, segundo a agência oficial de notícias iraniana Irna.
Roshan, que se formou no ano de 2002 em Engenharia Química na Universidade de Sharif, a mais importante entre a comunidade científica do país, ocupava o cargo de subdiretor do departamento comercial da usina de Natanz, a maior do Irã, localizada na província de Isfahan, segundo a agência Fars.
Reincidência
Este é o quarto ataque a cientistas iranianos em circunstâncias similares – explosão de bomba em carros – desde 2010. Pelo menos dois dos mortos trabalhavam também em atividades nucleares. Um dos ataques ocorreu exatamente há dois anos, em 11 de janeiro de 2010, matando o cientista Masoud Ali Mohammdi.
Em outro desses ataques, ocorrido em novembro de 2010, o pesquisador Fereydoon Abbsi Davani, vinculado à Guarda Revolucionária iraniana, acabou ferido. Após o atentado, ele foi nomeado chefe do Organismo para a Energia Atômica iraniano.
Em agosto, o cidadão iraniano Majid Jamali-Fashi admitiu ter recebido ajuda do Mossad para perpetrar o atentado com moto-bomba contra Mohammadi, especialista em partículas nucleares. Jamali-Fashi foi condenado à morte.
Reação
O vice-governador da província de Teerã, Safar Ali Bratloo, culpou diretamente Israel pelo ocorrido. “Israel é responsável por este atentado. O método se parece com o utilizado nos ataques contra os demais cientistas”, afirmou. “A bomba era de natureza magnética e semelhante àquelas usadas anteriormente para assassinar cientistas. Isso é obra dos sionistas (israelenses)”, disse o vice-governador de Teerã, segundo a agência Fars.
O assassinato “não deterá o progresso do Irã”, afirmou o vice-presidente iraniano Mohamed Reza Rahimi, após condenar o atentado. “Aqueles que se dizem defensores do antiterrorismo atacam cientistas iranianos. Mas devem saber que eles estão mais resolvidos do que nunca a avançar nas aspirações da República Islâmica”, disse Rahimi.
O vice-presidente acusou “agentes dos poderes arrogantes e do regime sionista” pela morte de Roshan”. Segundo ele, o ataque é uma “evidência do apoio financeiro estrangeiros ao terrorismo”.
No Parlamento iraniano, os deputados condenaram o ataque e gritaram palavras de ordem como “morte aos Estados Unidos”, “morte a Israel” e “morte aos hipócritas”, depois de o vice-presidente da casa, Seyed Shahabedin Sadr, anunciar que agentes “da arrogância mundial martirizaram outro importante professor universitário”.
Programa nuclear
O atentado ocorre em um momento de especial tensão internacional pelo programa nuclear iraniano. Na última segunda-feira (09), a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) afirmou que o Irã começou a produzir urânio enriquecido a 20% em sua nova planta de Fordo, a 160 quilômetros de Teerã.
Até agora, o Irã havia purificado urânio até esse nível – considerado um passo prévio ao urânio altamente enriquecido para bombas atômicas – só na usina de Natanz.
Parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, acusa o regime persa de possuir objetivos militares em seu programa nuclear – como a produção de bombas atômicas. O governo de Teerã nega veementemente e afirma que seus objetivos são civis, medicinais e pacíficos.
As suspeitas se centram, principalmente, no programa de enriquecimento de urânio, mas o governo do Irã já afirmou que não renunciará a este direito.
Na segunda-feira, durante visita a Venezuela, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, declarou que as acusações sobre os supostos planos de seu país de construir bombas são “motivos para risada” e escondem a intenção de evitar o desenvolvimento do Irã.
(*) com agências internacionais
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