O terremoto do dia 27 de fevereiro fez do Chile “outro país”, o que forçará “mudanças nas prioridades” do presidente eleito Sebastián Piñera, que assume o poder na próxima quinta-feira, afirmam especialistas ouvidos pela Ansa. Na visão deles, ainda é muito cedo para avaliar as perdas econômicas causadas pelo tremor, que foi seguido por mais de cem réplicas. Estimativas internacionais, por sua vez, apontam um prejuízo entre 20 milhões e 30 milhões de dólares.
“Não devemos nos assombrar se essa cifra mudar radicalmente [para cima]”, já que a região do país afetada pelo abalo sísmico concentra 14% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional, apesar de também conter grandes bolsões de pobreza, afirmou o economista Guillermo Patillo, da Universidade de Santiago.
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Já Leonardo Suárez, diretor de estudos da consultoria Larraín Vial, enfatiza que “o impacto agregado bruto do terremoto na economia causaria uma perda de produção de 1,6% do PIB neste ano”. No entanto, segundo Suárez, a projeção é de uma produção apenas 0,4% menor do que o esperado inicialmente, já que o aquecimento do setor de construção civil tende a puxar o índice para cima.
A consultoria Larraín Vial reduziu a estimativa de crescimento econômico de 5,4% para 5%, porém, devido ao maior dinamismo das obras de infraestrutura, apontou que a melhora no desempenho econômico em 2011 será de 4%, e não mais 3,4%, como indicava anteriormente.
Ainda assim, está claro que “o terremoto obrigará a nova administração a mudar suas prioridades originais”, continua Suárez. O novo mandatário deverá “dar estímulos microeconômicos ao investimento”, equilibrando isto com a “relevante expansão do gasto público”.
Em declarações à Ansa, um economista próximo a Piñera aponta que “é preciso monitorar os mercados financeiros”. O Chile tem ativos “importantes” e “a capacidade de investir cresceu e não está em queda depois do terremoto. Aqui há uma perda de ativos, porém a capacidade financeira do país não se ressentiu”, pondera.
Por outro lado, o especialista admite que “duplicou-se o déficit habitacional na ordem de 500 mil moradias, e é provável que tenhamos 300 mil casas desmoronadas”.
O abalo sísmico de 8,8 graus que atingiu o centro-sul do Chile destruiu parte das localidades do país, afetando cerca de dois milhões de pessoas e deixando mais de 800 mortos, segundo dados do Escritório Nacional de Emergência (Onemi, na sigla em espanhol).
Novo governo
Na última semana, Piñera, eleito no segundo turno das presidenciais, em 17 de janeiro, afirmou que as prioridades de seu governo serão “enfrentar a emergência cidadã”, apoiar os familiares das vítimas e “tentar encontrar, quem sabe com vida, as pessoas que continuam desaparecidas”.
A primeira etapa do projeto do mandatário eleito pretende “restabelecer, de uma vez por todas, a ordem pública para devolver às pessoas a tranquilidade cidadã e restabelecer o fornecimento de recursos básicos, como água e eletricidade”.
Já a segunda consiste em “recuperar a normalidade produtiva” das áreas atingidas, e a terceira terá como objetivo promover “a reconstrução com padrões mais modernos e eficientes”, explicou Piñera, na ocasião.
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