A Polícia Metropolitana do Reino Unido disse nesta
quarta-feira (05/09) que tem “evidências suficientes” para acusar
formalmente dois cidadãos russos pelo envenenamento do ex-espião Serghei
Skripal e de sua filha, Yulia, em março passado.
Os suspeitos são Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, que
desembarcaram no Aeroporto de Gatwick, nos arredores de Londres, no último dia
2 de março, após um voo proveniente de Moscou. Ainda não se sabe qual
seria sua ligação com o Kremlin.
Ambos teriam cerca de 40 anos, e seus nomes seriam
pseudônimos. Dois dias depois da chegada ao Reino Unido, eles viajaram a
Salisbury, local do ataque contra Skripal e Yulia, realizado com uma substância
do tipo novichok, agente neurotóxico desenvolvido pela União Soviética.
As acusações contra Petrov e Boshirov incluem conspiração
para homicídio, tentativa de homicídio, posse e uso de substância química e
danos corporais graves. Skripal trabalhava como agente duplo para os serviços
de inteligência de Rússia e Reino Unido e, após ser descoberto, ganhou
cidadania britânica.
A premiê britânica, Theresa May, acusou Petrov e Boshirov de
serem agentes da inteligência russa. Momentos antes da declaração, o Ministério
de Relações Exteriores da Rússia se manifestou sobre o indiciamento, dizendo
que o simples apontamento dos nomes não indicaria “nada”.
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Polícia britânica diz que câmeras na rua capturaram imagens de Petrov e Boshirov "momentos antes do ataque"
“Mais uma vez, urgimos ao lado britânico que troque as acusações públicas e a manipulação da informação para a cooperação prática por meio das agências de aplicação das leis. Londres recebeu inúmeras indagações relevantes do lado russo. A investigação de crimes tão sérios, os quais foram repetidamente apontados pelo Reino Unido, requere o trabalho mais cuidadoso possível, análise escrupulosa de dados e cooperação próxima”, disse, a repórteres, a porta-voz do ministério, Maria Zakharova.
Envenenamento
Ele e sua filha foram encontrados desacordados no banco de um shopping em Salisbury, a 140 quilômetros de Londres, no último dia 4 de março. Um policial que atendera à ocorrência também foi contaminado, mas todos conseguiram sobreviver.
No fim de junho, no entanto, um casal sem relação com Skripal, Charlie Rowley e Dawn Sturgess, acabou atingido pela mesma substância, em Amesbury, a 13 quilômetros de Salisbury.
A hipótese é de que os dois tenham sido contaminados por resíduos do agente neurotóxico usado para atacar o ex-espião e sua filha. Sturgess faleceu poucos dias depois, enquanto Rowley chegou a receber alta, mas voltou ao hospital por causa de uma meningite.
O caso Skripal elevou a tensão diplomática entre Moscou e Londres e provocou a expulsão de dezenas de diplomatas russos de quase 30 países. O Kremlin nega envolvimento no ataque químico.
(*) Com Ansa e Sputnik