O governo da Venezuela entregou nesta sexta-feira (25/09) ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, um documento sobre a situação política no país que denuncia as tentativas de manipulação do tema dos direitos humanos feitas por forças estrangeiras norte-americanas que buscam intervir no território venezuelano.
O relatório intitulado “A verdade da Venezuela contra a infâmia: dados e testemunhos de um país sob assédio” foi entregue ao secretário das Nações Unidas pelo embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada.
“Hoje entregamos ao secretário-geral Antonio Gueterres o documento ‘A verdade da Venezuela contra a infâmia’ com provas de manipulação feita por autores que nunca foram à Venezuela e serviram a propósitos distintos aos da equipe da ONU de direitos humanos que trabalha no país”, disse Moncada pelo Twitter.
O documento, elaborado por Caracas em conjunto com ativistas e especialistas em direitos humanos, vem após um relatório feito por pesquisadores independentes que trabalhavam para um órgão das Nações Unidas afirmar que o governo venezuelano teria cometido supostos crimes contra a humanidade. Os especialistas se basearam em entrevistas com venezuelanos feitas à distância e não visitaram o país.
Segundo o embaixador venezuelano na ONU, esse relatório foi encomendado pelo Grupo de Lima, organização formada em 2017 por 14 países, incluindo Brasil, Argentina, Colômbia, México e Canadá, por iniciativa do governo do Peru sob a justificativa de “denunciar a ruptura da ordem democrática na Venezuela”. Apesar de não integrarem oficialmente o bloco, os EUA participam dos encontros do bloco como ouvintes.
“Essa operação de propaganda se faz passar por um informe da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. A confusão é utilizada para justificar a agressão militar contra a Venezuela”, disse Moncada.
1/3 Hoy entregamos al Secretario General @antonioguterres el documento “La Verdad de Venezuela contra la Infamia” con pruebas de la manipulación hecha por autores que nunca fueron a Venezuela y sirvieron a propósitos distintos al equipo ONU de DDHH que SI trabaja en el país. pic.twitter.com/2Zgfdznh3y
— Samuel Moncada (@SMoncada_VEN) September 25, 2020
Prensa Presidencial
Documento foi elaborado por Caracas em conjunto com ativistas e especialistas em direitos humanos
Defender a soberania
Com cinco capítulos e mais de 100 páginas, o documento entregue hoje pelo governo venezuelano à ONU traz um estudo detalhado dos artifícios utilizados para desestabilização do governo do presidente Nicolás Maduro e a adoção da política de “troca de regime” com relação à Venezuela adotada pelos Estados Unidos.
“[Essa política] é uma nova tentativa de colonizar a Venezuela e retirar seus abundantes recursos energéticos, minerais e naturais”, aponta o texto.
O documento ainda conta com um capítulo inteiro dedicado ao tema dos direitos humanos, destacando os diversos mecanismos presentes na Constituição venezuelana para a proteção das liberdades e garantias individuais, bem como as dezenas de políticas públicas que vigoram no país desde o primeiro mandato do ex-presidente Hugo Chávez visando a seguridade social e o combate à pobreza.
“Os direitos humanos constituem um eixo transversal que funda e percorre toda a Constituição da República Bolivariana da Venezuela, tendo sido introduzidos grandes avanços nesse tema, ampliando os direitos humanos, visibilizando grupos sociais historicamente esquecidos e descriminados”, diz o documento.
O governo venezuelano ainda destacou as imprecisões do relatório dos pesquisadores independentes e disse que o principal objetivo desse estudo era “desacreditar o governo bolivariano e as instituições do Estado venezuelano em matéria de direitos humanos”.
“A Venezuela afirma e declara a toda a comunidade de países livres do mundo que o informe que hoje constitui uma infâmia não é produto de uma missão independente, mas é resultado de uma missão que demonstrou sua vinculação com um conjunto de atores internacionais que protagonizaram uma série de ataques planejados para afetar a soberania do país”, conclui o documento.