O governo de Israel negou nesta segunda-feira (03/06) que a recente proposta de acordo de cessar-fogo em Gaza, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenha sido elaborada por Tel Aviv, uma vez que “o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insistiu que haviam lacunas entre a proposta e a posição de Israel”, revelou o jornal The Times of Israel.
“A alegação de que concordamos com um cessar-fogo sem que nossas condições fossem cumpridas é incorreta”, disse o premiê aos parlamentares, durante uma reunião fechada no Knesset.
De acordo com o veículo, Netanyahu reforçou que não terminará a guerra antes que alcance seus “três objetivos”, que consistem na destruição das capacidades de governança militar e civil do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia que Gaza não represente mais uma “ameaça” para Israel.
“A proposta que Biden apresentou está incompleta”, afirmou o premiê.
Já segundo o canal israelense Keshet 12, Netanyahu informou que Israel pode parar a guerra por seis semanas, mas não terminá-la permanentemente.
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Durante o anúncio da proposta realizado na noite de sexta-feira (31/05), o presidente norte-americano Joe Biden declarou o texto como sendo de autoria de Israel, o que de acordo com o The Times of Israel, “desencadeou ondas de choque no governo israelense”.
Atualmente, Netanyahu enfrenta uma pressão de ambos os lados. Ao mesmo tempo em que figuras da oposição do gabinete e familiares de reféns israelenses pedem para a aprovação da proposta e um cessar-fogo permanente, ministros ultranacionalistas e de extrema direita ameaçam renunciar aos seus cargos caso a decisão pelo “fim da guerra”.
“A perigosa proposta anunciada pelo presidente Biden foi feita pelo gabinete de guerra sem autorização e contra a lei, e não é vinculante para o governo de Israel e o Estado de Israel”, criticou o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, nesta segunda-feira.
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Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que proposta de cessar-fogo anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confere lacunas com a posição de Tel Aviv
No sábado (01/06), o premiê já havia declarado que se recusaria a qualquer iniciativa que não incluísse a “eliminação” da capacidade do Hamas de governar o território palestino, revelando um desacordo com a avaliação de Biden.
O mandatário norte-americano classificou a proposta como “um plano de paz”, argumentando que a presença do Hamas dentro do enclave já havia sido “tão reduzida” que seria impossível a repetição de um ataque como o de 7 de outubro de 2023.
Três etapas da proposta
A nova proposta consiste em três etapas.
A primeira fase propõe um cessar-fogo de seis semanas, durante o qual o exército de Tel Aviv garantirá sua retirada das áreas povoadas de Gaza. Reféns, incluindo idosos e mulheres, serão trocados por centenas de prisioneiros palestinos. Além disso, civis também poderão retornar ao enclave, enquanto 600 caminhões transportarão ajuda humanitária diariamente.
Na segunda fase, ainda com um cessar-fogo em vigor, Hamas e Israel negociarão termos para o fim permanente das hostilidades.
A terceira fase se seguiria com um cessar-fogo permanente, facilitando a reconstrução do enclave, incluindo 60% das clínicas, escolas, universidades e edifícios religiosos danificados ou destruídos pelas forças israelenses.