Após o ataque de Israel que matou o comandante do Hezbollah Taleb Abdallah na última terça-feira (11/06), o movimento libanês “mudou de tática”, revelando “novas forças para forçar o cessar-fogo na Faixa de Gaza”, informa o jornal Middle East Eye.
Em retaliação, o Hezbollah disparou mais de 200 mísseis contra Israel e prometeu intensificar ainda mais seus ataques, que deixaram diversos incêndios no Norte de Israel. Já a ofensiva de Tel Aviv matou mais de 450 pessoas, incluindo 80 civis libaneses. Essas investidas têm acontecido desde o início do massacre israelense no enclave palestino, em 7 de outubro.
O movimento libanês inclusive disse que foi capaz de abater drones israelenses, disparar mísseis contra jatos, e realizar um “ataque simbólico” contra o sistema de defesa de Tel Aviv, o Iron Dome.
Para a especialista sobre Hezbollah e professor de política na Universidade de Cardiff, no Reino Unido, Amal Saad, as novas ações mostram que o movimento tornou-se “mais audacioso”, fazendo com que Israel “seja surpreendido”.
“Israel sabe o arsenal que o Hezbollah tem, mas não pensaram que teria a audácia de usá-los, pelo menos não para Gaza”, declarou Saad ao Middle East Eye. Em sua análise, Israel esperava que o grupo usasse suas armas caso Israel atacasse o Líbano diretamente.
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Estratégias do Hezbollah estão ligadas ao impasse sobre o cessar-fogo em Gaza
De acordo com Mustafa Asaad, especialista em armas baseado nos EUA, essas novas estratégias do Hezbollah estão provavelmente ligadas ao impasse sobre o cessar-fogo em Gaza.
“A situação política e o impasse significam que a única maneira de ser ouvido é mostrar que tem uma capacidade avançada”, declarou Asaad, sublinhando que o movimento “ainda não está dando tudo de si”.
Em concordância, Saad diz que “o Hezbollah está tentando, com ataques descarados e armamento mais sofisticado, aumentar o preço que Israel teria de pagar caso não assinasse um acordo com o Hamas”.
Já Qassim Qassir, analista próximo do Hezbollah, avaliou ao Middle East Eye que as mudanças estratégicas do movimento estão diretamente relacionadas à solidariedade a Gaza.
“Embora os ataques do Hezbollah enviem uma mensagem de dissuasão a Israel, eles também pretendem dizer aos israelenses que “o Hezbollah está pronto para qualquer escalada”, avaliou.