O Seminário Internacional “Um novo holocausto no século XXI – O sionismo ameaça o mundo”, na Venezuela, começou nesta quinta-feira (13/06) e teve a participação do jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman.
O jornalista ressaltou que construir um Estado supremacista israelense na Palestina é um objetivo colonialista do sionismo “desde o princípio”, e que a ocupação desse território “pressupunha limpeza étnica, segregação e métodos genocidas”.
Altman explicou ainda que, diferentemente de outros métodos coloniais, o sionismo escolheu expulsar os palestinos de seus territórios onde se assentaram os colonos judeus. Deixando claro que a doutrina sionista “não avançou solo, mas estava alinhado com interesses do próprio colonialismo europeu”.
“O sionismo opera junto aos piores agentes do sistema imperialista. A associação do Estado de Israel com a extrema direita, tanto na Europa quanto na América – de Norte a Sul – não é nada novo para ninguém”, observou.
Segundo o fundador de Opera Mundi, o massacre contra os palestinos na Faixa de Gaza expõe “como nunca antes o caráter racista, violento, de desrespeito às resoluções da ONU e ao Direito Internacional e o atentado do sionismo contra as melhores tradições e valores do judaísmo”.
“Como judeu, de família com histórico de lutas sociais, e com muitos familiares exterminados durante o nazismo, me sinto profundamente indignado pela malignidade do Estado sionista. Não só pelo genocídio contra o povo palestino, mas porque destruiu os valores humanistas e democratas abraçados historicamente pela maioria dos judeus. O sionismo, em sua face mais podre e violenta, mudou esses valores pelo manual de quem massacrou os judeus no Gueto de Varsóvia e nos campos de concentração”, declarou o jornalista.
“Há muitos Chomskys no mundo”
O painel “O povo judeu não é Israel”, do qual Breno Altman foi um dos conferencistas, contou também com a participação do jornalista argentino com origens judaicas, sociólogo e professor Jorge Elbaum.
Segundo ele, a iniciativa de um seminário como este é importante porque “há muitos Chomskys no mundo”, fazendo referência ao linguista norte-americano e judeu Noam Chomsky, que rejeita o sionismo.
Em sua fala declarou que é necessário “levantar a voz, denunciar e mostrar para o mundo que não há uma única forma de ser judeu”. Assim, prestou solidariedade aos palestinos que sofrem o massacre em Gaza, chamando a guerra de Israel no enclave como “uma nova etapa de limpeza étnica” que mais uma vez partiu do Ocidente.
“Israel, em princípio, não é uma democracia. Não há democracia já que há 2,5 milhões de pessoas na Cisjordânia e em Gaza sem direito ao voto, sem a mesma justiça que existe a 60 quilômetros do outro lado, com suas terras ocupadas, água roubada. É uma grande falácia”, defendeu.
Elbaum também ressaltou a solidariedade da Venezuela com as lutas dos povos, reconhecendo que em seu país, sob o governo de extrema direita de Javier Milei, uma iniciativa como essa seria “muito difícil”.
Judaísmo não é nacionalidade
O terceiro integrante do painel foi o também jornalista com origens judaicas e mexicano José Steinsleger. Falando sobre a confusão entre nacionalidade, religião e cidadania, defendeu que o termo “povo judeu” é “uma expressão oxímora, um contrassentido”, argumentando que “sustentar a existência de um povo judeu, islâmico ou cristão já foi motivo de repressão, castigo, excomunhão e morte”.
Segundo ele, o termo povo remete a um conjunto de pessoas que compartilham língua, costumes, território e podem invocar a Deus ou não. Assim, Israel “é a Pátria histórica dos judeus e lá se estabeleceu o Estado de Israel, que se assume como nação do povo judeu”.
Steinsleger exemplifica com a própria carta da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de 1968. “Nos 33 artigos do documento, não há uma só palavra sobre o Alcorão ou islamismo, porque é uma carta nacional politicamente laica”.
“Sendo o judaísmo uma religião, não é uma nacionalidade independente. Nem os judeus constituem uma só nação, mas sim são cidadãos dos Estados que pertencem”, disse.
Ele trouxe o histórico e nascimento do sionismo, com a ideia da Palestina ser “uma terra sem povo para um povo sem terra”, narrativa “obviamente muito bem recebida pelo Ocidente, que agora tem uma organização que o serve de dentro da Palestina”.