A Alemanha anunciou nesta sexta-feira (31/05) que autorizou a Ucrânia a usar suas armas contra a Rússia com o objetivo de se defender. A exemplo de vários países aliados de Kiev, até agora Berlim excluía a utilização de seus armamentos em território russo, por medo de uma escalada de tensão.
“A Ucrânia tem o direito, garantido pela legislação internacional, de se defender contra esses ataques [russos]. Desta forma, ela pode usar as armas fornecidas para isso (…) inclusive as que fornecemos”, afirma um comunicado assinado por Steffen Hebestreit, porta-voz do chanceler alemão, Olaf Scholz.
O documento cita especificamente o embate na região de Kharkiv nas últimas semanas, a partir de “posições localizadas na zona fronteiriça russa imediatamente adjacente”.
Berlim demonstra assim uma mudança de posição em relação ao uso de armamentos alemães em território russo. Alguns países aliados da Ucrânia também revisaram a decisão, como a França e os Estados Unidos. O maior temor é de uma nova escalada de tensão, após diversas ameaças do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de recorrer a armas nucleares.
Após o início da operação militar russa, em fevereiro de 2022, a Alemanha abandonou seu posicionamento tradicionalmente pacífico para se tornar o segundo fornecedor de ajuda militar à Ucrânia, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Desde então, Berlim enviou uma grande quantidade de equipamentos bélicos a Kiev, de veículos de combate blindados à artilharia.
Na quinta-feira (30/05), o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, prometeu um novo pacote de ajuda militar de 500 milhões de euros à Ucrânia. O anúncio foi feito durante uma visita à cidade ucraniana de Odessa, na zona portuária no sul.
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Volodymyr Zelensky durante ato no 10º aniversário da Guarda Nacional da Ucrânia
Armas norte-americanas
O Kremlin anunciou nesta sexta-feira que armas norte-americanas já são utilizadas pela Ucrânia na Rússia. “Isso é uma prova eloquente do grau de implicação dos Estados Unidos no conflito”, afirmou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
O presidente norte-americano, Joe Biden, suspendeu na quinta-feira restrições impostas a Kiev para usar armas fornecidas pelos Estados Unidos contra alvos em território russo. No entanto, a decisão diz respeito apenas à defesa da região de Kharkiv, informou um alto funcionário da Casa Branca.
Novos bombardeios em Kharkiv
Ao menos três pessoas morreram e 16 ficaram feridas em ataques russos em Kharkiv, anunciou nesta sexta-feira o governador regional, Oleg Sinegubov. O prefeito a cidade, Igor Terejov, informou que um prédio de cinco andares foi parcialmente destruído e que pode haver mais pessoas presas sob os escombros.
O ataque foi realizado com mísseis S-300 lançados da região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia. Ao menos cinco lançamentos foram registrados.
Kharkiv vem sendo alvo quase diariamente de bombardeios a partir do território russo. Moscou lançou, no começo de maio, uma ofensiva nesta região, permitindo às suas forças ganhar terreno frente a tropas ucranianas em dificuldades.
Em meio a esta ofensiva, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) também avalia se permitirá a Kiev usar armas ocidentais contra o território russo. O Kremlin acusa a aliança de “incitar” a continuação do conflito.