Em Bariloche, faz frio, chove e espera-se neve para sexta-feira (28), quando começa a reunião extraordinária da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). A sessão será a portas fechadas e o debate deve ser acalorado.
A instalação de bases norte-americanas em território colombiano será o tema principal do encontro. Mas também deve ser levantada a questão da posição a ser adotada frente à política do governo Barack Obama para a região.
A Argentina mantém uma relação distante e fria com os Estados Unidos, apesar da troca de comando na Casa Branca ter agradado ao governo de Cristina Kirchner. Por outro lado, a Casa Rosada percebe uma proximidade maior de Barack Obama com Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois trocam elogios frequentemente.
A chancelaria argentina, no entanto, percebe um contra-senso no fato de os norte-americanos pretenderem instalar bases militares perto da fronteira com o Brasil. Segundo um funcionário do Ministério das Relações Exteriores que pediu para não ser identificado, isso caiu como um balde de água fria em Brasília. Por isso, ele vê como naturais as críticas brasileiras às bases e o pedido de explicação à administração norte-americana.
“Às vezes pensamos que a agenda de Obama para a América Latina é ditada pelo Comando Sul e pela Quarta Frota”, disse o funcionário, referindo-se a instâncias militares que teriam forte influência nas decisões referentes à região.
Compromissos
A fonte considera que a situação reforça o vínculo entre Argentina e Brasil frente à necessidade de que Álvaro Uribe expresse as verdadeiras razões para a instalação das bases, concorde com uma série de compromissos sobre a atuação das atividades militares e, como cereja do bolo, alcance uma relação mais unificada com Obama.
Um desafio e tanto para mais de quatro horas de reunião no hotel Llao Llao, perto do imponente lago Nahuel Huapi e dos picos nevados da Cordilheira dos Andes.
Consultado sobre as considerações da chancelaria argentina, o Itamaraty se negou a comentar o assunto, por considerá-lo muito delicado. Recentemente, o governo brasileiro se posicionou de formas variadas sobre o tema.
O presidente Lula e o chanceler Celso Amorim, que inicialmente demonstraram reprovação e defenderam que o assunto fosse tratado no Conselho de Defesa da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), mudaram o discurso quando o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, visitou o Brasil para explicar o teor do acordo. Disseram interpretar o gesto dele como positivo. “Reiteramos que o acordo é uma matéria exclusiva da soberania colombiana, sempre e quando se limitar ao território colombiano”, disse Amorim na ocasião.
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