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Política e Economia

Leia íntegra de carta de Otto Wächter sobre possível fuga para o Brasil

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Comandante nazista, que assinava com o pseudônimo Alfredo Reinhardt, fala das possibilidades de emigração

Alfredo Reinhardt

2013-09-20T09:00:00.000Z

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Roma, 10 de maio de 1949

Caro Ladurner!

Eis que volto agora da cidade completamente acabado. Durante o dia a temperatura chega a graus consideravelmente mais quentes. Mas as noites esfriam maravilhosamente. Eu agora entendo porque todos os homens aqui vestem camiseta regata por baixo da camisa. Resfria-se muito facilmente com a mudança de tempo, razão pela qual o guia Baedecker e a experiência de Deterling acham aqui muito pior que no Norte. Agora, vamos ao que interessa:

I. Documentos: nenhum progresso desde minha última carta. Situação em nada mudou! – O P.A. prometido [passaporte, possivelmente] tampouco tenho em mãos ainda; devo conseguir na próxima ou nas próximas duas semanas.

II. Emigração. – Aqui lhe dou o resultado das conversas que tive nos últimos dias a respeito desse assunto. Garantias sobre a pertinência deles, naturalmente não posso endossar.

Reprodução
Segundo Hu. [Alois Hudal, possivelmente], passaportes da Cruz Vermelha não serão mais expedidos  após o fim de maio. Essa função será então transferida para um departamento do Vaticano. Ele acredita que o documento emitido pelo Vaticano poderá ter menos valor que os atuais (que por sua vez já possuem reconhecimento bastante limitado).

Detering tem outra opinião e diz que esse tipo de afirmações já se repetiram várias vezes sem jamais terem sido provadas. – O processo de obtenção você conhece. É preciso ter prova de apátrida. H. poderia lhe fornecer uma, mas somente sob o seu nome verdadeiro! – D. tem outro caminho, que também possibilita outras coisas.

Como o lance da “Libre” continua e continuará evidentemente enrolado, H. sugere pegar um visto de turista, que segundo ele é possível obter com um passaporte da Cruz Vermelha, para conseguir chegar até lá. As cerca de 150.000 liras necessárias, ele sugere pegar emprestado aqui, pois ficaria muito feliz com a possibilidade de conseguir dinheiro bom em troca. – (Eu sei o quão teórica é a coisa, mas quero lhe reportar sobre tudo, e especialmente as possibilidades discutidas. E quem sabe se, enquanto isso, você mesmo já não tenha encontrado um financiador de peso!?). Aqui achamos que, quando você estiver já do outro lado, você vai se virar de alguma forma. – Segundo H., um visto de turista é concedido mediante apresentação de quaisquer informações sobre intenção ou motivos de visita.

Em conversas com atuais candidatos à Argentina, pude verificar que estes, devido às conhecidas dificuldades, foram até o Brasil para mudar de profissão. –Você deverá fazer o mesmo quando estiver do outro lado, para aumentar suas chances de sucesso. –O consulado que emite o visto (Br. [Brasil] não tem conhecimento de nenhum “Libre”) exige:

1)      Passaporte (também da Cruz Vermelha, desde que junto com qualquer documento mais antigo, de antes da Guerra, e com fotografia; carteirinha de clube alpino, por exemplo, deve servir).

2)      Certidão de Nascimento

3)      Certidão de Casamento

4)      Carteira profissional (do tipo técnico ou agronômico), ou um atestado de que trabalhou por mais de dois nessa tal profissão (atestado da firma é suficiente).

5)      Declaração de que não é comunista (anexo nesta).

Também conversei com um senhor que se encontra na mesma situação que você, e que também espera (para ir à) Argentina desde dezembro. Ele me contou uma notícia direto da fonte: os brasileiros na verdade não reconhecem os passaportes da Cruz Vermelha, mas se contentariam com um passaporte austríaco ou I.Karte [carteira de identidade]. Além disso, é possível falar de maneira bem aberta com eles, sem que as autoridades austríacas tomem conhecimento. As outras quatro exigências supracitadas são, segundo ele, também necessárias.

Reprodução
Ele mais tarde comentou, quando falávamos do seu caso, que acreditava poder levantar o financiamento para lhe ajudar (da mesma maneira que havia conseguido para si). Condição indispensável para isso é que você declare ser Protestante (isso mesmo: Protestante!!). – Trata-se aqui da organização que já financiou a viagem de um grande número de interessados, e da qual até há pouco fazia parte aquela famosa dama americana. Naquela época também pagavam, excepcionalmente, para pessoas de outras confissões, mas agora, com a mudança de regime, essa opção está infelizmente descartada. – Eu devo dizer que essa pessoa de que falo me parece ser um homem bastante sério, depois de tudo que pude saber sobre ele. – O dito cujo também disse que daqui dez dias, ou seja, lá pelo dia 20, estará aqui pra pegar seu navio. Nesse tempo ele poderia lhe dar uma ajuda nessas coisas, conforme ele mesmo disse. –Eu sei muito bem que essas coisas não lhe agradam por princípio, mesmo assim não gostaria de deixa-lo desinformado sobre esta possibilidade, e lhe manterei informado do que acontecer.

Quanto a uma eventual permanência aqui, seria possível lhe arranjar almoço e jantar de graça no refeitório papal, em princípio por uma semana (renovável). É meio primitivo, assim como a companhia, mas é o que há. – A grande dificuldade continua sendo como sempre o bairro. Eu acabei agora mesmo de falar sobre isso com D. Nós não vemos nenhuma outra possibilidade (para pernoite), além do instituto onde eu dormi na minha primeira semana (400 por noite com café-da-manhã 450) ou uma pensão que D. citou (300 a 350 por noite). Se você ficar apenas na semana até o dia 20, é possível agitar. – Eu aguardo assim a sua decisão.

Eu gostaria ainda de enfatizar, como já o fiz na minha primeira carta, que se você quiser vir até aqui por documentos, os custos e despesas no momento não valem a pena. Se você tem interesse nas coisas aqui discutidas e ainda consegue encarar todos os obstáculos e cumprir todos os requisitos, aí sim as suas despesas e o seu tempo estarão mais que justificados. No caso de você não querer ir ao Brasil, e essa oferta vale só para lá, você poderá economizar seu dinheiro tranquilamente e deixar a manivela girando comigo, como venho fazendo há tanto tempo durante essa longa estadia aqui. De toda maneira haverá sempre nuances aparecendo, as quais, quando eu achar relevante, continuarei lhe informando como nesta.

Aquele sujeito que o Pri. e o seu amigo Redator bem chamavam de Croata infelizmente já se foi para a Argentina há bastante tempo. E não deve voltar nunca mais.

Se você vem até aqui, melhor tomar o trem noturno que chega de manhãzinha para não passar pelas mesmas complicações que eu passei, e me avise com antecedência por telegrama.

 

Neste ínterim, cordiais saudações,

 

Alfredo Reinhardt

 

Por favor me escreva o endereço daquele parente meu de nome, o seu antecessor R., que está na Argentina. Gostaria de escrever a ele e me informar sobre o mapa (pode ser também um cartão).

Grande abraço e um beijo nas mãos de Frau F.

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Política e Economia

Petro e Francia assumem Presidência prometendo reformas estruturais na Colômbia

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Apoiado pelo Congresso, primeiro governo de esquerda do país quer paz com Venezuela e reforma agrária

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-07T14:54:07.000Z

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Gustavo Petro e Francia Márquez assumem neste domingo (07/08) a Presidência da Colômbia. Após vencer as eleições no segundo turno, em 19 de junho, esta é a primeira vez que uma coalizão de centro-esquerda chega ao poder na história colombiana.

Entre as medidas já anunciadas pela dupla está a retomada de relações diplomáticas com a Venezuela e a reabertura de fronteiras; o reinício de negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), maior guerrilha ativa do país.

A implementação integral dos Acordos de Paz de 2016 é uma das principais bandeiras do novo governo. Com maioria no Congresso, Petro e Francia também prometem levar adiante projetos de reforma agrária, tributária e nas estruturas de segurança do Estado, como uma resposta às demandas dos setores mobilizados em 2021 na maior greve geral da história do país.

Cerimônia de posse 

O ato de passagem da Presidência acontecerá na Praça Bolívar, centro da capital Bogotá, onde também fica localizada a sede do Executivo e da Assembleia Nacional colombiana. São esperadas cerca de 100 mil pessoas.

Entre os chefes de Estado confirmados no evento estão o chileno Gabriel Boric, o argentino Alberto Fernández, o equatoriano Guillermo Lasso, o paraguaio Mario Abdo Benitez, o boliviano Luis Arce, assim como o dominicano Luis Abinader e o panamenho, Laurentino Cortizo. A presidente hondurenha Xiomara Castro também viajará a Bogotá.

Já o presidente do Peru, Pedro Castillo, foi convidado, mas foi impedido pela Justiça de seu país de viajar para o exterior, pois está sendo investigado pelo Ministério Público. A vice-presidente, Dina Boluarte representará o governo peruano na posse.

O Brasil será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França. A vitória da esquerda foi criticada por Jair Bolsonaro, que disse que Petro, assim como Lula, iria "soltar todos os meninos presos". O candidato à deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) foi convidado.

Os Estados Unidos enviarão uma comitiva liderada pela presidente da Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Samantha Power, que será acompanhada pelo assessor da Casa Branca Juan González e o presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, Gregory Meeks. A Espanha enviará o rei Felipe VI e o presidente de governo, Pedro Sánchez.

Gabinete de ministros

Antes mesmo de assumir a gestão, Petro já anunciou cerca de metade dos ministros que o acompanharão no Executivo.

Na pasta da Fazenda, nomeou o economista José Antonio Ocampo, que desempenhou a mesma função durante o mandato de Ernesto Samper, em 1994. Após deixar o governo colombiano, Ocampo também ocupou o cargo de secretário executivo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) no início dos anos 2000.

Reprodução/ @FranciaMarquezM
Petro e Márquez tomam posse neste domingo (07/08) para governar a Colômbia pelos próximos quatro anos

O advogado Iván Velásquez Gómez será o novo ministro de Defesa. Nos anos 90, atuou como procurador do departamento de Antioquia liderando investigações contra o paramilitarismo. Gómez também foi magistrado auxiliar na Corte Suprema de Justiça e chefe da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala. 

O chanceler será Álvaro Leyva, membro do Partido Liberal, e um dos mediadores dos Acordos de Paz, assinados em 2016, em Havana. Identificado como "homem de confiança" do ex-presidente Juan Manuel Santos, Leyva também foi ministro de Minas e Energia na década de 1980, vereador, deputado e senador. 

Outro personagem conhecido da política colombiana que deve assumir um cargo no novo governo é Alejandro Gaviria, membro do Partido Liberal, que ficará com o Ministério de Educação. Gaviria é engenheiro civil, foi um dos autores do Plano de Desenvolvimento de 2002 a 2006, durante o governo de Álvaro Uribe, e ministro de Saúde entre 2012 e 2018, na gestão de Santos.  

A psiquiatra Carolina Corcho será a nova ministra da Saúde. Corcho foi secretária de Saúde de Bogotá, durante a gestão de Petro como prefeito da capital. 

A pasta do Meio Ambiente será coordenada por Susana Muhamad, representante do movimento Colombia Humana, criado por Petro. Assim como a nova ministra de Saúde, a ambientalista também trabalhou na prefeitura de Bogotá durante a gestão petrista, e nos últimos três anos foi vereadora na capital. 

A economista Cecilia López será a nova ministra de Agricultura, na mesma pasta que conduziu durante o governo de Ernesto Samper. López também já foi ministra do Meio Ambiente, diretora do programa de Empregos da Cepal e senadora entre 2006 e 2010. 

A primeira mulher indígena a ocupar um cargo diplomático na Colômbia será Leonor Zalabata Torres, líder do povo Arhuaca, nomeada como embaixadora na ONU.

Outra mulher a assumir um Ministério será Patricia Ariza, atriz e militante histórica do setor cultural, diretora do Teatro La Candelaria - referência do teatro de arena colombiano. Há 30 anos organiza o Festival "Mulher em Cena pela Paz".

Os novos chefes do Executivo também anunciaram a criação do Ministério de Igualdade, que será dirigido pela vice-presidente Márquez. Um dos objetivos da visita dela ao Brasil, em julho deste ano, foi conhecer experiências de política de inclusão social e as ações afirmativas criadas nos governos petistas.

A dupla também prometeu criar o Ministério de Paz, Segurança e Convivência, uma proposta da Comissão da Verdade que fez recomendações a respeito do conflito armado. O grupo, criado a partir dos Acordos de Paz de Havana, em 2016, teve três anos para dialogar com todas as partes do conflito e elaborar o documento final com recomendações, que foi entregue no dia 28 de junho.

Uma das redatoras do informe final da Comissão da Verdade, Patricia Tobón, foi indicada para assumir a Unidade de Vítimas do conflito.

O mandato presidencial tem duração de quatro anos, e Petro e Francia, assumem com a maior bancada governista da última década, em comparação com os seus antecessores.

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