A nomeação do ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya como deputado de pleno direito do Parlacen (Parlamento Centro-americano) não representa apenas um reconhecimento político do seus status como mandatário, mas também dá espaço para seu possível retorno ao país de origem, segundo a coordenadora da Comissão Internacional da FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular), Betty Matamoros.
Em entrevista ao Opera Mundi, Matamoros disse que a decisão do organismo centro-americano dá fim “às pretensões do também ex-presidente Roberto Micheletti de assumir o cargo”. Além disso, segundo ela, a nomeação representa um passo importante “para que Manuel Zelaya possa deixar o exílio”, já que de agora em diante terá imunidade parlamentar.
O ex-presidente hondurenho, que atualmente desempenha também a função de coordenador da FNRP, teve que abbandona o país no dia 27 de janeiro deste ano, refugiando-se na República Dominicada, após uma passagem de quatro meses pela Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
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Atualmente a Corte Suprema da Justiça e o Ministério Público de Honduras mantém processos abertos contra Zelaya, o que para o ex-presidente não passa de uma “perseguição política”.
Integração
A nomeação de Zelaya para o cargo pode ser considerada também o início do caminho para o reestabelecimento da ordem democrática em Honduras e para a reativação do “processo de unidade e integração centro-americana que foi quebrado pelo golpe”, como disse o presidente da NIcarágua, Daniel Ortega.
O presidente nicaraguense alertou ainda sobre a presença de “forças extremistas” que planejaram e executaram o golpe contra Zelaya a nível nacional e internacional. “São essas forças que impedem o processo de integração de e unidade centro-americana, latino-americana e caribenha de avançar”, disse.
Zelaya, por sua vez, explicou que sua nomeação se deve aos princípios espresso na Carta Constitutiva do Parlacen, que prevê a integração imediata dos ex-presidentes da região. “Não pertencer a este organismo legislativo seria uma ameaça aos mecanismos de integração centro-americana”, esplico Zelaya.
Mesmo assim, o hondurenho fez questão de ressaltar que outros dois fatores essenciais para a resolução da grave crise política, social e ecômica que Honduras enfrenta são a criação de uma Assembleia Constituinte e seu regresso ao país, para poder exercer seus direitos e “ser interlocutor da oposição”.
Política hondurenha
Segundo Matamoros, diante dos recentes acontecimentos pode-se dizer que Honduras está emergindo em uma nova fase política.
A decisão do Parlacen aconteceu no mesmo dia em que a FNRP obteve um “extraordinário resultado na coleta de assinaturas” para exigir a criação de uma Assembleia Constituinte e “pedir o retorno de Zelaya e todos os outros hondurenhos exilados”, disse ela.
De acordo com Matamoros, mais de 1,3 milhão de assinaturas foram coletadas em todo o país. O documento será apresentado pela FNRP ao presidente de Honduras, Porifio Lobo, como forma de reivindicar o início de um diálogo político sobre Zelaya e a Assembleia.
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