O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Yavad Zarif, informou nesta terça-feira (23/02) que as inspeções internacionais das instalações nucleares do país foram limitadas, mas garantiu que a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) continua.
As declarações do chanceler iraniano estão em linha com as declarações dada ontem pelo diretor-geral do órgão multilateral da ONU responsável pelo controle nuclear, Rafael Grossi, que viajou a Teerã no fim de semana para selar o acordo.
No entanto, o chefe da diplomacia persa esclareceu que “esta manhã começou a implementação da lei” aprovada pelo Parlamento iraniano para restringir as inspeções. A lei, segundo Zarif, “não significa a cessação da cooperação do Irã com a AIEA”,.
Com a legislação aprovada, a partir desta terça-feira, o Irã suspende a implementação voluntária do Protocolo Adicional ao Tratado da JCPOA, que permite aos inspetores o acesso a qualquer instalação nuclear do país, civil ou militar, sem prévio aviso.
Para mitigar o impacto da medida, o Irã e a agência nuclear da ONU concordaram há dois dias “um entendimento técnico bilateral temporário por meio do qual a AIEA continuará com as atividades de verificação e monitoramento necessárias por até 3 meses.”
Linara/FlickrCC
Irã limitou acesso a instalações nucelares do país
Sobre este arranjo de última hora, muito criticado ontem pelo Parlamento iraniano, o chanceler disse se tratar de “um sucesso diplomático ímpar” e exortou os deputados a não politizarem a questão.
Zarif explicou que o que este acordo estipula é que as gravações do desenvolvimento do programa nuclear, que eram entregues diariamente ou semanalmente à agência da ONU, continuarão a ser feitas, mas as imagens “a partir de agora não serão fornecidas à AIEA”.
A ideia é que as imagens permaneçam armazenadas e em posse do Irã durante esses três meses e, caso as sanções norte-americanas sejam suspensas naquele período, compartilhadas com a AIEA.
O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, sinalizou que deseja retornar ao acordo nuclear. No entanto, as autoridades iranianas deixaram claro que o retorno dos Estados Unidos ao pacto sem o fim das medidas sanções unilaterais não fará sentido.