O governo anunciou nesta quarta-feira (25/01) uma intervenção militar no departamento de Puno, que tem se caracterizado nas últimas semanas como uma das mais mobilizadas contra a presidente Dina Boluarte.
A região fica no Sudeste do país e contém parte das margens do famoso Lago Titicaca. Sua capital, também chamada Puno, tem sido um dos principais palcos de manifestações exigindo a renúncia da mandatária que assumiu no último dia 7 de dezembro, após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo.
As dezenas de tropas enviadas ficarão passarão a ser responsáveis pela segurança pública em todo o departamento de Puno. A medida entrou em vigor nesta quarta e durará pelo menos 10 dias, podendo ser prorrogada caso a presidente decida que é necessário.
O anúncio ocorre após uma terça-feira (24/01) marcada por mais uma jornada de protestos em todo o país, na qual novamente foram registradas ações extremamente violentas por parte da Polícia Nacional peruana contra os manifestantes, especialmente em Puno, Callao, Cusco e na capital Lima.
Além da renúncia de Boluarte, os movimentos sociais peruanos pedem a realização de eleições gerais no país ainda em 2023 – e não em 2024, como propõe o atual governo – e a realização de uma assembleia constituinte, que escreva uma nova carta magna, já que a atual foi imposta em 1993 pelo então ditador Alberto Fujimori.
Twitter / Rádio Onda Azul Puno
Militares peruanos realizam operação na região de Puno, no Sudeste do país
A fortíssima repressão policial contra os manifestantes tem sido uma constante no país desde o início da onda de protestos, em dezembro. Em razão disso, já foram registradas 49 mortes até o momento [48 civis e um policial] segundo a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH).
O Ministério Público peruano também abriu uma investigação contra a presidente Boluarte e o chefe do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, por suas possíveis responsabilidades nas mortes dos manifestantes.
Por sua parte, o governo reconhece a gravidade das mortes durante as manifestações, mas acusa os setores mais progressistas da oposição de “incitar a população contra as instituições”.
Ao mesmo tempo, Otárola e Boluarte têm realizado gestos frequentes de apoio ao trabalho da Polícia Nacional, apesar das mortes de civis produzidas por esta. A mais recente, segundo o jornal local La República, foi a entrega de um auxílio financeiro especial para todos os membros da corporação.