A nova ofensiva militar israelense contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza, que chegou ao seu quinto dia nesta quarta-feira (11/10), tem despertado a reação das principais potências mundiais, o que, novamente, revela uma sintonia no posicionamento entre as duas maiores forças do chamado Sul Global: China e Rússia.
Nesta semana, tanto Pequim quanto Moscou manifestaram, em diferentes ocasiões, sua defesa da solução dos dois Estados, a partir da criação de um Estado Palestino com amplo reconhecimento internacional coexistindo com o Estado de Israel.
Chama a atenção, também, que os dos países se equiparam até mesmo na postura de buscar exercer essa defesa da causa palestina evitando confrontar Israel. Por exemplo, ambos concordam com a promoção de uma negociação de paz que envolva diferentes países mediadores – curiosamente, uma proposta parecida com a oferecida pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para o caso da guerra entre Rússia e Ucrânia, meses atrás.
A manifestação mais recente dessa ideia foi feita nesta mesma quarta-feira (11/10), pelo presidente russo Vladimir Putin em evento de inauguração do Foro Internacional de Energia de Moscou.
Segundo o mandatário, a posição do Kremlin sobre o conflito na região “é bem conhecida tanto pelo lado israelense como pelos nossos amigos na Palestina”.
“Nós sempre defendemos a implementação das decisões do Conselho de Segurança da ONU, e principalmente a criação de um Estado palestino independente e soberano”, enfatizou Putin.
Críticas aos EUA por ‘esmolas à Palestina’
O presidente do país euroasiático aproveitou para criticar a postura dos Estados Unidos diante do tema. “Alguns mecanismos de solução (para o conflito entre Israel e Palestina) têm sido ignorados pelos Estados Unidos, que preferem tentar regular tudo por conta própria”, frisou Putin.
TASS
Diante do novo conflito no Oriente Médio, Rússia e China mostraram mais uma vez que estão sintonizados em termos de política exterior
“Se as questões políticas fundamentais não forem resolvidas, considerando que a principal delas é a criação de um Estado Palestino soberano com Jerusalém como capital, o problema não poderá ser resolvido”, acrescentou o mandatário russo.
Putin também lamentou o fato de que “em vez disso, Washington prefere resumir o problema à satisfação das necessidades materiais da população residente nos territórios palestinianos, substituindo a questão central, que é a solução de problemas políticos fundamentais, por algumas esmolas materiais”.
China exige reação internacional
Por sua vez, a posição da China no conflito tem sido apresentada, ao menos durantes os últimos dias, não pelo presidente Xi Jinping mas sim pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
Assim como Moscou, Pequim também reforçou sua defesa de que “a saída fundamental para esse conflito passa pela implementação da solução de dois Estados, com o estabelecimento de um Estado independente da Palestina”, como expressou Mao, em coletiva realizada nesta segunda-feira (09/10).
A diplomata chinesa acrescentou que “o governo da China considera urgente que se produza uma rápida retomada das negociações de paz entre a Palestina e Israel, com a participação de países moderadores, e espera o apoio da comunidade internacional à essa urgência”.
Segundo Mao, a China está muito preocupada com a recente escalada do conflito, especialmente no que diz respeito a mortes de civis.
“A China se opõe a ações que expandam o conflito e prejudiquem a estabilidade regional. Além da retomada das negociações de paz, esperamos também que se estabeleça um cessar-fogo o mais rápido possível. A comunidade internacional deve desempenhar seu papel com seriedade e trabalhar em conjunto com o objetivo de preservar as vidas de pessoas inocentes, tanto de israelenses quanto de palestinos”, completou a funcionária chinesa.