As promessas do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, sobre uma rápida solução para a crise do lixo na província de Nápoles, no sul da Itália, não conseguiram acalmar os ânimos dos moradores da região.
Pela terceira noite consecutiva, a localidade de Terzigno foi o centro de violentos protestos de inúmeros grupos de moradores contra as condições do aterro existente e também contra a abertura de um segundo aterro, nas imediações do Parque Nacional do Vesúvio, que será o maior aterro sanitário da Europa.
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Os manifestantes enfrentaram a Polícia, lançando pedras, garrafas e coquetéis molotov. Para contê-los, os agentes com gás lacrimogêneo e armas com bala de borracha contra os manifestantes, segundo a imprensa italiana. O governo italiano culpa a máfia local, Camorra, por interferir na coleta e estar por trás da crise.
Como consequência desta situação, os funcionários das empresas não estão conseguindo recolher o lixo da população e o acúmulo de resíduos nas ruas já ultrapassa mil toneladas. Cinco policiais e um cinegrafista ficaram feridos nas últimas horas.
Os agentes atuam para escoltar os caminhões de lixo até o depósito de Terzigno, local que tem sido alvo de grande parte dos distúrbios nos últimos dias.
Os novos incidentes ocorreram algumas horas após Berlusconi dizer que a crise será resolvida em dez dias, uma promessa feita em entrevista coletiva em Roma, depois de uma reunião ontem do gabinete de crise.
Berlusconi informou que um fundo de 14 milhões de euros (33 milhões de reais) seria direcionado à região para obras de compensação ambiental, a fim de resolver a situação.
Horas depois, o prefeito de Terzigno, Domenico Auricchio, fez um discurso no qual insistiu contra a criação do novo aterro sanitário.
“Só nos interessa uma notícia. Nos dirão que não vão abrir [o aterro] Cava Vitiello? É a única coisa que queremos ouvir, nada mais”, declarou Domenico Auricchio, ao comentar as iniciativas anunciadas pelo primeiro ministro.
Hoje, a Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) alertou a Itália sobre a possibilidade de o país sofrer sanções se não remover o lixo acumulado nas ruas.
O comissário europeu de Meio Ambiente, Janez Potocnik, disse que a violência mostra que a Itália não tomou medidas suficientes desde a última crise envolvendo a coleta de lixo, que aconteceu em 2007. Na ocasião, o premier italiano, Silvio Berlusconi, interferiu para tentar solucionar os problemas causados quando lixeiros interromperam a coleta porque depósitos estavam cheios.
Potocnik disse que o país pode sofrer sanções se a UE mandar o caso novamente para a Corte de Justiça Europeia. Em março, a Corte considerou que a Itália estava violando regras do bloco sobre infraestrutura para o despejo de lixo.
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