O cineasta espanhol Pedro Almodóvar, citado nos “Panama Papers”, disse nesta quinta-feira (14/04) que não tinha conhecimento da empresa offshore à qual seu nome estava vinculado entre 1991 e 1994, mas que sua “ignorância não é desculpa” e que assume “toda a responsabilidade”. Almodóvar falou em entrevista à emissora espanhola Castilla-La Mancha Televisión, a primeira vez em que se manifestou publicamente sobre o caso.
“Eu não sabia de nada relacionado com esses papéis, mas também tenho que dizer que minha ignorância não é desculpa e assumo, com meu irmão Agustín, toda a responsabilidade que existe ou possa surgir por estar nesses papéis infames”, afirmou o cineasta.
EFE
Após seu nome aparecer nos “Panama Papers”, cineasta Pedro Almodóvar cancelou eventos sobre seu último filme, “Julieta”
Pedro e Agustín Almodóvar aparecem como donos de uma empresa entre 1991 e 1994 nas Ilhas Virgens Britâncias, consideradas como um paraíso fiscal. Não ficou claro, no entanto, se a sociedade chegou a ter algum capital. O cineasta disse que sempre foi responsável pela parte criativa da produtora El Deseo e seu irmão era encarregado das questões financeiras.
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Almodóvar falou também sobre o cancelamento de entrevistas coletivas e eventos promocionais a respeito do seu último filme, “Julieta”, que concorrerá à Palma de Ouro em Cannes, prêmio máximo do festival. “Estava claro que o interesse da mídia era de falar sobre outros temas, ‘Julieta’ ficaria no vazio”.
Após a divulgação dos documentos, Agustín Almodóvar publicou comunicados em que disse lamentar “o prejuízo que está sofrendo a imagem pública de meu irmão, provocado única e exclusivamente por minha falta de experiência nos primeiros anos de existência da nossa empresa familiar”. Ele afirmou que constituiu a sociedade nas Ilhas Virgens Britânicas por conselho de assessores diante de “uma possível expansão internacional da nossa empresa”. Segundo Agustín Almodóvar, os dois “estão em dia” com todas as obrigações tributárias.
Os chamados “Papéis do Panamá” são uma série de mais de 11 milhões de documentos vazados no início de abril após uma investigação feita pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês) que reuniu 376 profissionais de 109 veículos, em 76 países. A reportagem investigou arquivos da empresa panamenha Mossack Fonseca, especializada na abertura de offshores. Políticos, chefes de Estado e celebridades estão entre os nomes citados. Os arquivos abrangem o período de 1977 a 2015.