A comissão criada pelo papa Francisco para examinar as acusações de abusos sexuais por membros do clero vai recomendar que o Vaticano puna os bispos reponsáveis por encobrir os escândalos ou por falhar na tarefa de impedir que os crimes ocorram.
“É preciso que haja consequências”, disse neste sábado (07/02) o cardeal norte-americano Sean O'Malley, chefe do órgão criado em novembro. Pelas leis do direito canônico que regem o Vaticano, apenas o papa tem poder para exonerar ou punir um bispo.
Agência Efe
Papa criou em novembro comissão para investigar abusos sexuais; além de clérigos, vítimas de violência também integram colegiado
A ideia da comissão é fazer da Igreja Católica um “lugar seguro” e livre de violência sexual, especialmente para crianças e pessoas vulneráveis. Para tanto, é necessário pôr em prática procedimentos e normas de proteção — mais do que isto, assegurar que os bispos exijam do restante das dioceses o cumprimento das regras.
Associações de vítimas de abusos por membros do clero vêm há anos pedindo que o Vaticano responsabilize os bispos. Ainda que não sejam os autores diretos dos casos de violência sexual, devem, segundo as vítimas, ser punidos por fracassar em coibi-los.
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“Achamos que conseguimos chegar a algumas recomendações práticas”, disse o cardeal de Boston, sem dar mais detalhes específicos.
“Já houve acobertamentos demais. Já houve proteção demais a clérigos, transferidos de um local a outro. Isto precisa ser banido da história muito, mas muito, rapidamente”, afirmou o também membro da comissão Peter Saunders, britânico que foi vítima de abuso sexual dentro da Igreja.
Palmadas
A comissão formada por 17 membros também teve outro tema a enfrentar. Em declarações recentes, o papa Francisco afirmou que é permitido a um pai dar palmadas no filho para puni-lo, desde que preserve a “dignidade da criança”.
“Um bom pai sabe esperar e perdoar, mas também corrigir com firmeza. Não é nem fraco, nem permissivo, nem sentimental”, afirmou o papa, alvo de críticas por conta da declaração.
“Você não bate em crianças”, censurou Peter Saunders, sintetizando a preocupação da comissão do Vaticano sobre as recentes declarações do chefe da Igreja.