O Tribunal Penal do Cairo condenou nesta terça-feira (21/04) o presidente deposto do Egito Mohammed Mursi a 20 anos de prisão pelos episódios de violência que resultaram na morte de diversos manifestantes durante conflitos entre opositores e partidários em dezembro de 2012.
Além de Mursi, outras 12 pessoas ligadas à Irmandade Muçulmana foram julgadas e condenadas por uso de força, violência, prisão de pessoas, maus tratos e tortura.
Embora ainda possa recorrer da sentença, o ex-presidente islamita permanece detido por outros processos judiciais, como insultos ao Poder Judiciário, fuga de prisão e entrega de informações confidenciais a países e organizações estrangeiras.
Em resposta ao anúncio do Tribunal Penal, a Coalizão Nacional para a Defesa da Legitimidade, liderada pela Irmandade Muçulmana, classificou a condenação como “nula”.
“As ordens militares emitidas hoje em forma de sentenças judiciais contra o presidente Mursi e sua equipe presidencial são nulas, porque a Justiça se tornou uma marionete em mãos da autoridade militar”, explicou a aliança em comunicado.
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Por sua vez, a Anistia Internacional qualificou o julgamento de “farsa” e pediu a repetição do processo ou que ele seja libertado. Em nota, a ONG alegou que o processo foi “defeituoso e com provas fracas”, demonstrando que o judiciário egípcio “é incapaz de oferecer um julgamento justo aos membros ou partidários do ex-presidente e da Irmandade Muçulmana”.
Segundo a investigação feita pela Anistia Internacional, “embora os seguidores da Irmandade Muçulmana tenham cometido abusos dos direitos humanos, a maioria dos mortos nesses enfrentamentos foram partidários do então presidente”.
Mursi foi deposto em julho de 2013, em um golpe militar liderado pelo então chefe do Exército e atual presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi. Desde a sua queda, as autoridades egípcias perseguiram simpatizantes, integrantes e líderes da Irmandade Muçulmana, grupo que foi declarado como “terrorista” pelo governo local em dezembro de 2013.
EFE/arquivo
Simpatizante pró-Mursi sai às ruas em manifestação em solidariedade aos cem dias após a deposição, em 2013