O isolamento físico e a percepção de ser diferente de outros países desenvolvidos faz a Austrália se portar melhor diante da crise econômica, segundo uma recente pesquisa de opinião feita com empresários internacionais.
Com o objetivo de avaliar o impacto econômico que a crise mundial está tendo no mercado global, a pesquisa conduzida pela Servcorp, um provedor de serviços virtuais com escritórios em 61 países, revelou que um em cada cinco empresários internacionais acredita que a Austrália é o país que reage melhor. Foram ouvidas 7,5 mil pessoas em mais de 24 nações.
Segundo o professor de Economia e Política Dick Bryan, da Universidade de Sydney, as instituições financeiras na Austrália parecem não ter sofrido como os bancos na Grã-Bretanha, Estados Unidos e Europa devido à estrutura menos competitiva dos mercados financeiros australianos. “Na Austrália houve poucos empréstimos subprime (forma de crédito hipotecário)”, disse ao Opera Mundi.
Isolamento
Segundo Bryan, outro ponto a favor da economia australiana é o isolamento físico e a percepção de que a Austrália é diferente de outras nações de primeiro mundo. “Se falamos com europeus, britânicos, norte-americanos, todos parecem sempre negativos, e passam uma sensação de grande perda nos últimos 18 meses”, disse ele. “E isso não é nem um pouco aparente na Austrália, onde shopping centers e restaurantes estão ativos. Claro que algumas lojas fecharam, mas a atmosfera no geral não transmite essa recessão profunda como em outros países avançados”.
Para o economista, esse sentimento pode até ser uma ilusão ou uma confidência demasiada errônea, mas quando os mercados são dirigidos pelo psicológico, pode ter sido um imperativo para a Austrália ter chegado em primeiro lugar no ranking da pesquisa.
Enquanto a Austrália ocupou a primeira posição, a China ficou em segundo, seguida pela Índia, Cingapura, Hong Kong, Canadá, Japão e Qatar. Já a vizinha Nova Zelândia ficou em nono e o Brasil ocupou o 30º lugar na lista.
Juros e exportação
Para Bryan,a Austrália também é melhor vista por alguns outros
fatores como, por exemplo, o fato de o país ter entrado na crise com
taxas de juros altas (8%, mas atualmente 3%). “Portanto, havia fundos
suficientes para serem cortados sem entrar em pânico de ficar no
negativo quanto às taxas do setor imobiliário, por exemplo, como visto
em outros países”, afirmou.
Além disso, segundo o especialista, mesmo com o orçamento
atualmente em déficit, é um número muito modesto se comparado aos
Estados Unidos, Europa e Grã-Bretanha.
A Austrália mostrou um forte desempenho no setor de exportação do
país durante os três primeiros meses do ano. Segundo o Escritório de
Estatísticas local (ABS, na sigla em inglês), o atual déficit
australiano encolheu 27% de janeiro a março, de 6.36 bilhões de dólares
australianos (9,85 bilhões de reais) em dezembro para 4.6 bilhões (7,13
bilhões de reais) no momento. Esse é o menor déficit registrado desde
dezembro de 2001.
De acordo com a ABS, prevê-se que as exportações contribuam com
2.2% no crescimento econômico nos primeiros meses. Mais de 50% da
exportação do país vem da agricultura e mineração. Os maiores mercados
de suas commodities são Japão, China, Coréia e Índia, na respectiva
ordem.
Além disso, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu cerca de
0.4% em termos reais nos primeiros três meses do ano, segundo o ABS.
Para economistas australianos, os números significantes e a subida do
dólar local podem ser um sinal de que a economia está mesmo ganhando
força. Com isso, o país pode ser um dos poucos a evitar oficialmente a
recessão.
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