A denúncia da existência de um suposto esquema de espionagem sobre a imprensa montado a mando do governo da França e a revelação de como foi efetuada a deportação de ciganos agravaram nesta segunda-feira (13/9) a pressão popular contra o presidente do país, Nicolas Sarkozy.
Sarkozy recebeu mais que uma manchete da revista Le Nouvel Observateur (“Este homem é perigoso?”). Já as acusações lançadas por uma deputada tiveram como base uma acusação do jornal Le Monde, depois desmentida pelo Palácio do Eliseu (presidência da França). O jornal disse ter sido espionado por ordem da presidência francesa para identificar uma fonte que vazava informações sobre o escândalo que ronda a empresária Liliane Bettencourt, dona da L’Oréal, e defender o atual ministro do Trabalho, Éric Woerth.
No mesmo dia em que a Assembleia Nacional retomava o debate sobre o polêmico projeto de reforma da previdência, que levou às ruas mais de 1 milhão de franceses (ou 3 milhões, segundo as fontes) no último dia 7 e que Woerth tentou defender, apesar da insistência da oposição em obter explicações a essa denúncia.
“O Palácio do Eliseu recorreu em julho a procedimentos que infringem diretamente a lei” de proteção das fontes dos jornalistas, destacou o Le Monde na primeira página, especificando como a contra-espionagem francesa, cumprindo ordens, vinculou um informante a um jornalista do jornal.
Críticas
Sarkozy desmentiu as alegações e garantiu que “nunca deu a menor instrução” aos serviços oficiais de informação para investigar a origem de extratos de declarações obtidas pelas autoridades na investigação do caso Bettencourt.
Outro dos ministros objeto de polêmica na últimas semanas, o ministro de Imigração, Éric Besson, rejeitou nesta segunda-feira (13/9) mesmo ter tido conhecimento de uma circular do departamento do Interior na qual se pedia claramente que fossem desmantelados os acampamentos de ciganos – mensagem considerada racista por organizações humanitárias.
A forma como o governo francês conduziu o assunto da deportação de ciganos romenos e búlgaros acendeu a ira contra a França nas últimas semanas, com protestos personalizados na figura do presidente francês. Sarkozy foi criticado tanto pelo cubano Fidel Castro quanto pela revista conservadora britânica The Economist.
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