O governo haitiano planeja abrigar 400 mil sobreviventes do terremoto em localidades fora de Porto Príncipe, bastante afetada pelos tremores do dia 12 de janeiro. Em entrevista ao jornal espanhol El Pais, o presidente do Haiti, René Préval, confirmou que o governo ajudará as pessoas a saírem da capital.
Segundo o ministro do interior haitiano, Paul Antoine Bien-Aime, numa primeira fase cerca de 100 mil vítimas serão transportadas para dez abrigos com capacidade para 10 mil pessoas cada em Croix des Bouquets, ao norte da capital. O traslado deve ser feito “o mais rápido possível”, de acordo com o ministro.
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Marcello Casal Jr./ABr
Crianças acampadas em frente ao aeroporto Toussanti Louverture, em Porto Príncipe
Até 1,5 milhão de pessoas vivem atualmente ao relento em cerca de 447 campos improvisados da capital, segundo a Organização Internacional para Migração (IOM). Dos 350 campos vistoriados, apenas 179 possuem tendas e somente três, água potável, de acordo com a IOM.
A reportagem do Opera Mundi pôde constatar nessa semana centenas de haitianos tentando deixar a capital pelo porto de Porto Príncipe. Muitos recorrem também a embaixadas para pedir emprego ou vistos, principalmente para os Estados Unidos.
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Órfãos
De acordo com reportagem do El Pais, o Unicef denunciou que crianças estão sendo raptadas no Haiti, para depois serem vendidas a outros países. O italiano Guido Cornale, representante da organização, se reuniu ontem com Préval para alertar o governo. Desde o terremoto, casais em diversos países mostraram interesse em adotar órfãos haitianos.
Cornale assegurou que pessoas rondam hospitais e acampamentos para levar as crianças que estão sozinhas. Ele disse que após a reunião, recebeu uma garantia do governo de que a segurança no aeroporto será reforçada.
O Unicef criou um centro de acolhida para órfãos. A localização, no entanto, é secreta, de acordo com Cornale.
Saneamento
Alguns soldados brasileiros ajudam a nivelar terrenos em Porto Príncipe onde o Banco Interamericano de Desenvolvimento planeja apoiar a construção de casas permanentes para 30 mil pessoas. O plano prevê que os haitianos ajudem a construir suas novas casas em um sistema de comida por trabalho.
Atualmente muitos estão em acampamentos sem estrutura alguma. “É deprimente aqui, sujo”, relatou à Reuters Judeline Pierre-Rose, 12 anos, que vive num acampamento improvisado perto do Palácio Nacional. “As pessoas não têm lugar definido para ir ao banheiro e tenho medo de pegar doenças”, disse.
O sistema de água da cidade funcionava parcialmente, mas caminhões cisterna começaram a entregar água aos acampamentos maiores.
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