Por falta de consenso entre os Estados Unidos e os demais países americanos, os 35 chanceleres presentes na VII Cúpula das Américas decidiram que não haverá uma declaração conjunta ao final do evento. Em seu lugar, será emitido um relatório redigido pelo Panamá, que sedia a cúpula iniciada nesta sexta-feira (10/04).
A informação foi confirmada na noite de quinta-feira (09/04) pelo chanceler argentino, Héctor Timmerman, que classificou a cúpula como “um debate de presidentes”. Pela terceira vez consecutiva, o fórum será encerrado sem uma declaração conjunta — as cúpulas anteriores, na Colômbia (2012) e em Trinidad e Tobago (2009), também terminaram sem consenso.
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Na origem da falta de entendimento está o pedido da Venezuela de incluir um parágrafo sobre o decreto norte-americano que impôs sanções e definiu o país como “ameaça não usual e extraordinária à segurança do país” à segurança dos Estados Unidos. O documento foi rechaçado pelos dois fóruns internacionais mais representativos da região: Unasul e Celac, mas, mesmo assim, algumas delegações presentes no Panamá não concordaram com o desejo venezuelano.
Agência Efe
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A situação revela mais uma vez a falta de entendimento entre os Estados Unidos e os demais países americanos. Nos últimos dias, o país deu diversas declarações afirmando que a Venezuela não é uma ameaça, com a intenção de deixar o tema fora das discussões.
“Ratificamos nossa exigência sobre a necessidade de esse decreto imperial ser revogado e é preciso eliminar todos os vestígios de colonialismo e imperialismo que existem nas Américas”, afirmou a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, após a reunião de chanceleres anterior à Cúpula.
Em declarações à rede CNN em espanhol, o presidente boliviano, Evo Morales, criticou a posição do governo norte-americano por não permitir a derrogação do decreto, a defesa do meio ambiente e a saída das bases militares dos territórios soberanos. Para Morales, sem um documento conclusivo, o acontecimento internacional se converterá em “turismo”.
Agência Efe
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Com relação à contenda envolvendo a Bolívia e o Chile pela reivindicação de uma saída soberana do país mediterrâneo ao Pacífico, o líder indígena agradeceu o apoio de “quase todos os presidentes da América Latina, mas é um tema que está nas mãos do tribunal de Haia e esperamos que se resolva ali”.
Evo disse ainda que os movimentos sociais, reunidos na Cúpula dos Povos, que se realiza de maneira paralela ao encontro de chefes de Estado e de governo, entregaram um documento que ele repassará aos demais líderes.
A cúpula, a primeira americana que conta com a presença de Cuba, foi convocada sob o lema “Prosperidade com igualdade” e os documentos pactuados antes da reunião se referiam à necessidade de estabelecer mais cooperação em torno de assuntos de infraestrutura e sociais, entre outros.
Agência Efe
Evo Morales durante participação na Cúpula dos Povos