A empresa russa Gazprom, que tem ligações muito estreitas com o Kremlin, anunciou nesta quinta-feira (03/04) que vai aumentar mais uma vez o preço do gás enviado para a Ucrânia. É o segundo aumento em uma semana.
O valor, por causa da falta de pagamento de uma dívida de Kiev com a empresa, já havia sido elevado em mais de 40% (até US$ 385/1.000m³, ou R$ 870) na terça (01/04) e um desconto negociado com o então presidente ucraniano Viktor Yanukovich (deposto em fevereiro), cancelado. Hoje, a Gazprom aumentou o valor para US$ 485,5/1.000m³(R$ 1.098), que entra em vigor imediatamente.
Antes da crise, o gás custava US$ 268,5 (R$ 607) cada 1.000 m³.
Agência Efe
Segundo premiê Dmitri Medvedev, alta é equivalente a uma tarifa de exportação não cobrada desde 2010
De acordo com o primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev, a alta de US$ 100 é equivalente a uma tarifa de exportação de gás à Ucrânia, anteriormente não cobrada por conta de um acordo assinado em 2010. Esse acordo é o mesmo que deu a Moscou a permissão do uso de Sebastopol, na Crimeia, hoje sob controle da Rússia.
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“Em virtude desses documentos se estabeleceu uma tarifa alfandegária do 0%. Mas, a situação mudou. A Duma (Câmara dos Deputados) denunciou os correspondentes acordos internacionais”, disse Medvedev após uma reunião com o presidente da Gazprom, Alexei Miller.
Miller ainda a dívida que a Ucrânia tem com a empresa, atualmente em US$ 2,2 milhões. “Esperamos que a Ucrânia comece a pagar suas dívidas e suas atuais provisões, embora vemos que a situação só piora”, afirmou.
No final de março, Medvedev já havia anunciado que exigiria pela via jurídica uma compensação de US$ 11 bilhões pelo desconto aplicado durante os últimos quatro anos à Ucrânia.
Assassinatos
As autoridades ucranianas também acusaram nesta quinta-feira Yanukovich e o Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB) da Rússia de assassinato pelas mortes ocorridas nos protestos violentos de 20 de fevereiro em Kiev. Mais de 100 pessoas morreram na ocasião.
“Planejada como operação antiterrorista, de fato, a organização de assassinatos massivos aconteceu sob o comando direto do antigo presidente Yanukovich”, afirmou Valentín Nalivaichenko, chefe do Conselho de Segurança da Ucrânia (SBU).
“Temos motivos para considerar que justamente esses grupos que estavam em um dos polígonos do SBU tomaram parte no planejamento e na realização das medidas emolduradas na chamada operação antiterrorista”, disse.