Efetivos da Polícia e das Forças Armadas de Honduras retiraram hoje (30) 57 camponeses simpatizantes do líder legítimo do país, Manuel Zelaya, que estavam no Instituto Nacional Agrário há três meses, em cumprimento ao decreto que restringe as garantias constitucionais desde sábado passado.
“Esta ação faz parte do que é o decreto” anunciado no sábado passado, disse aos jornalistas o oficial Orlin Cerrato, porta-voz da Polícia, ao indicar que estão verificando se há mais instituições que estejam na mesma situação. Cerrato disse que “há pessoas retidas” e que vão “tomar depoimento para ver sua responsabilidade”.
O decreto estabelece a possibilidade de retirar pessoas que ocuparem instituições públicas por causa da crise política em Honduras após o golpe de Estado em 28 de junho.
Cerrato disse que poderiam ser realizadas “operações conforme forem aparecendo” situações semelhantes, mas indicou que este é o único instituto “grande” que estava tomado. O oficial descartou novas operações hoje, inclusive nas universidades públicas nas quais simpatizantes de Zelaya estão há várias noites.
Distinção
A medida inconstitucional ainda autoriza os governistas a se manifestar, mas a oposição, não. “Enquanto o decreto estiver vigente, é preciso aplicá-lo”, disse Cerrato ao Estado de S. Paulo. O decreto prevê que seja solicitada autorização para as manifestações com 24 horas de antecedência. As dos zelayistas nunca são autorizadas.
À pergunta sobre por que manifestações a favor do governo de facto são permitidas, Cerrato explicou: “Porque as manifestações a favor do ex-presidente Manuel Zelaya são violentas, desestabilizam a ordem interna. Já os que estão de acordo com o que aconteceu (o golpe), com a paz e a democracia, não são violentos.” Ele diz que zelayistas queimam edifícios e veículos.
Resistência
O dirigente camponês Rafael Alegria, um dos coordenadores da Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado, foi à sede do instituto e disse que há em Honduras “uma ditadura, e pode acontecer qualquer coisa”.
“Estão desesperados, estão aplicando um decreto que é ilegal, que não foi aprovado pelo Congresso (Parlamento), este é um ato fascista”, acrescentou Alegria aos jornalistas.
A promotora hondurenha dos direitos humanos, Gabriela Gallo, disse aos jornalistas que às pessoas que estão dentro “já receberam a leitura dos direitos” e acrescentou que, caso fosse necessário, passarão à disposição da Promotoria ou da Justiça. “Não há pessoas agredidas”, acrescentou a promotora.
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