O papa Bento XVI e os cardeais Angelo Sodano e Tarcisio Bertone, que atualmente é secretário de Estado do Vaticano, foram denunciados nos Estados Unidos por um homem que diz ter sido abusado sexualmente por um padre quando era jovem.
O Vaticano refutou as denúncias legais contra o Papa.
A ação foi apresentada em um tribunal federal de Milwaukee, em Wisconsin, e acusa o Papa e os outros religiosos de terem acobertado crimes de pedofilia. Ao processo foram anexadas duas cartas, enviadas pela vítima a Sodano, na época secretário de Estado da Santa Sé, cargo que ocupou por cerca de 15 anos.
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Em uma das mensagens, o rapaz, que é surdo-mudo, perguntava se o então papa João Paulo II excomungaria o padre Lawrence Murphy, que “admitiu ter molestado 34 meninos surdos”. A primeira carta a Sodano, datada de 5 de março de 1995, recordava ainda que os meninos “viviam em dormitórios sem possibilidade de fuga”. “Eu sou um deles”, dizia o homem.
Segundo a imprensa norte-americana, Murphy é acusado de ter molestado ao menos 200 crianças surdas. Ao abordar o tema, a publicação norte-americana The New York Times também questionou a posição do Papa, que na época comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, órgão responsável por investigações do tipo.
“Queremos ações que protejam as crianças. Escolhemos citar o Papa e os cardeais Sodano e Bertone porque estão no vértice da pirâmide que pedia o sigilo”, afirmou o advogado da vítima, Jeff Anderson, em uma coletiva de imprensa.
Anderson disse ainda que “esse Papa e os seus predecessores mantiveram o segredo. Hoje falam de fazer certas coisas, mas as palavras não protegem, as ações que protegem. Por isso, sentimos ter que mover essa ação para constrangê-los a agir”.
De acordo com o advogado, que há anos tenta obter ressarcimento para as vítimas de Murphy, o “Estado Soberano” do Vaticano e as suas hierarquias estavam “cientes das práticas seculares de abusos sexuais contra menores por parte de sacerdotes e religiosos”.
Histórico
Segundo publicou o NYT no início do mês, em 1998, o Vaticano teria ordenado que o processo canônico contra Lawrence Murphy fosse paralisado devido ao “frágil” estado de saúde do acusado.
Anteriormente, a Santa Sé havia alegado que, quando soube dos casos, Murphy já era “idoso, estava em precárias condições de saúde, vivia em isolamento e por mais de 20 anos não tinham sido denunciados outros abusos”.
Em meio a diversas denúncias contra religiosos em vários países, a divulgação desta atingiu diretamente o Papa, que já havia sido questionado por seu trabalho no período em que era arcebispo de Munique e Freising (1977-1982).
Ontem, durante a audiência geral, o Pontífice falou sobre os abusos cometidos contra crianças, reiterando sua “dor” e “sofrimento” diante de tais episódios. Ele também reiterou que a Igreja agirá contra tais crimes.
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