Em entrevista publicada pelo jornal alemão Die Zeit nesta quinta-feira (09/03), o papa Francisco disse estar aberto à possibilidade de ordenar homens casados para combater a falta de padres em algumas regiões mais remotas. O pontífice disse que é necessário “refletir” sobre a possível ordenação de “viri probati”, homens casados de fé comprovada.
“Devemos considerar se 'viri probati' é uma possibilidade, e determinar quais as tarefas que podem realizar, por exemplo, em comunidades remotas”, disse o papa, que descartou a opção de escolha do celibato para sacerdotes em formação, afirmando que a medida “não é a solução” da Igreja para a escassez de padres.
A discussão sobre a ordenação de “viri probati” – homens casados, aposentados e com histórico de compromisso com a Igreja – circula há décadas, mas sua retomada pode ser um indicativo de uma flexibilização de algumas tradições da Igreja Católica. Em 2014, Francisco já havia indicado que o celibato de padres não é um “dogma de fé” na Igreja Católica, que há sacerdotes casados nos ritos orientais e que “a porta está sempre aberta” a tratar o assunto.
A ideia de que os padres não devem se casar é baseada em certas passagens bíblicas e na crença de que um sacerdote age “in persona Christi”, ou seja, na pessoa de Cristo, e portanto deve ser celibatário. O Vaticano, no entanto, aceita sacerdotes casados em certas circunstâncias, como nas igrejas anglicanas ou episcopais que se convertem ao catolicismo.
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Papa Francisco já havia indicado em 2014 que celibato de padres não é um “dogma de fé” na Igreja Católica
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Segundo a agência de notícias Associated Press, o cardeal brasileiro Claudio Hummes é uma das pessoas que vêm defendendo a ordenação de homens casados junto ao papa Francisco. Hummes estaia buscando resolver o problema da falta de clérigos na região da Amazônia, onde a Igreja conta aproximadamente com um padre para cada 10 mil fiéis.
“Na Igreja, é sempre importante reconhecer o momento certo, reconhecer quando o Espírito Santo exige algo. É por isso que digo que continuaremos refletir sobre os ‘viri probati’”, declarou o papa Francisco.
O sacerdote também afirmou que considera a possibilidade de que mulheres possam se tornar diaconisas, a exemplo das Escrituras, podendo realizar, sob orientação de um sacerdote, algumas celebrações religiosas, batismos e casamentos, além de fazer homilias e pregações. “O que isso significou naquela época? O que significaria hoje?”, questionou. “Não tenham medo. Isso nos faz livres”, declarou.