Morreu na noite do domingo (13/04), aos 80 anos, o professor espanhol Eduardo Peñuela Cañizal, um dos fundadores da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Cañizal foi vítima de um infarto do miocárdio.
Cañizal nasceu na Espanha em 21 de novembro de 1933. Seu pai, militante da causa republicana, foi preso após a implantação da ditadura fascista de Francisco Franco em 1938. Uma vez em liberdade, para escapar às perseguições políticas, teve que se exilar com a família no Brasil.
Professor titular aposentado do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Unip (Universidade Paulista), Cañizal adquiriu renome internacional no campo da teoria do cinema e da poética das manifestações não verbais.
Cañizal graduou-se em Letras na USP em 1959. Concluiu seu doutorado em 1965, com tese sobre a poesia da chilena Gabriela Mistral (ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1945). Já focado no cinema, fez, nas décadas de 1970 e 1980, pós-doutorados nas Universidades de Tufts e Stanford, nos Estados Unidos.
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Em 1964, lecionava na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto. Com o golpe militar, sofreu perseguição política e foi demitido, o que motivou sua transferência para a Universidade de São Paulo. Uma vez na USP, teve atuação de primeiro plano na criação da ECA, onde também sofreu perseguição política da parte de professores que simpatizavam com o regime militar.
Em 1993, foi eleitor diretor da ECA, após obter a maioria dos votos numa consulta paritária. O professor espanhol foi especialmente bem votado entre os estudantes, que organizaram manifestação no dia da eleição pelo colégio eleitoral, em defesa do resultado.
Cañizal deixou uma vasta obra escrita. Entre seus livros estão El oscuro encanto de los textos visuales – dos ensayos sobre imágenes oníricas, La Inquietante ambigüedad de la imagen, O olhar à deriva: mídia, significação e cultura e Urdidura de sigilos: o cinema de Pedro Almodóvar.