A primeira-ministra britânica, Theresa May, confirmou nesta terça-feira (17/01) que o Reino Unido deixará o mercado único europeu e tentará negociar um acordo comercial “o mais amplo possível” com a União Europeia, que será submetido a votação no Parlamento. O acordo será negociado ao mesmo tempo que os termos da saída do Reino Unido da União Europeia, dentro do período de dois anos após o acionamento do artigo 50 do Tratado de Lisboa em março.
Em discuro em Londres, a líder conservadora afirmou que tentará chegar a “um acordo ambicioso de livre comércio” com o bloco e garantir “acesso máximo ao mercado único em bases totalmente recíprocas”, embora tenha ressaltado que prefere acabar sem pactos a aceitar um que prejudique os interesses do país. May ainda indicou que cogita cortar impostos de forma a atrair investimentos caso não seja possível chegar a um acordo positivo com a UE, mas disse estar “confiante de que essa situação não precisará surgir”.
“O Reino Unido quer continuar sendo um bom amigo e vizinho da Europa, mas sei que há algumas vozes pedindo um acordo punitivo. Isso seria um caso de autodestruição calamitosa para os países europeus e não seria o ato de um amigo. O Reino Unido não poderia e, de fato, não irá aceitar tal abordagem”, declarou May.
Segundo a premiê britânica, a permanência no mercado único significaria na prática que o país não sairia da UE, como foi votado no referendo de 23 de junho de 2016. May também afirmou que o Reino Unido não estará sob a jurisdição do Tribunal de Justiça da União Europeia. “Nós não teremos realmente deixado a União Europeia se não tivermos controle sobre as nossas próprias leis”, defendeu.
Agência Efe
Primeira-ministra britânica Theresa May defendeu em discurso em Londres a saída do mercado único europeu
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May também indicou que quer sair da união aduaneira, já que continuar nela impediria a assinatura de acordos comerciais com outros países de fora da UE, mas que pretende manter acordos vigentes de isenção de tarifas para setores e mercados específicos. A primeira-ministra insistiu que quer “um acordo tarifário” com Bruxelas, o que poderia significar algum tipo de filiação parcial à união aduaneira.
A premiê disse que o Reino Unido provavelmente terá que continuar fazendo contribuições à UE uma vez que abandonar o bloco, dependendo do acordo que negociar, mas que serão “relativamente pequenas” se comparadas às que faz atualmente.
O parlamentar líder do partido Liberal Democrata, Tim Farron, criticou a decisão de sair do mercado europeu sem consultar os cidadãos, argumentando que “um 'hard Brexit' nunca esteve na cédula de voto”. “Arrancar-nos do mercado único não foi algo proposto pelo povo britânico. Isso é um roubo da democracia”, declarou, referindo-se à ruptura mais radical com a União Europeia, conhecida como “hard Brexit” e defendida pela ala mais conservadora do Parlamento.
Por sua vez, o líder do Ukip (Partido de Independência do Reino Unido), Paul Nuttall, disse temer uma saída lenta, já que May defendeu um acordo “transitório” entre Londres e Bruxelas, que permita aplicar de forma ordenada as políticas definidas nas negociações do Brexit. “Queremos isto feito logo. Nós queremos uma ruptura clara com a União Europeia, um acordo de comércio livre, e então poderemos continuar como uma nação livre e independente”, disse Nuttall.