A MUD (Mesa de Unidade Democrática), coalizão de partidos opositores ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela, não aceita os termos para a retomada do diálogo com o Poder Executivo como apresentados pelos mediadores do processo, anunciou na terça-feira (24/01) Carlos Ocariz, um dos representantes opositores na negociação.
“São inaceitáveis os termos do documento. Não o aceitamos nem o assinaremos nunca”, disse à imprensa Ocariz, que também é prefeito de Sucre, no Estado de Miranda, norte do país. Ele acrescentou que a MUD segue debatendo os próximos passos do processo e apresentará propostas aos representantes do Vaticano e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), alguns dos mediadores dos diálogos entre governo e oposição na Venezuela.
O grupo de mediadores – Ernesto Samper, secretário da Unasul, o Vaticano e os ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) – entregou na última sexta-feira (20/01) aos representantes da MUD e do governo Maduro um plano de 21 pontos para reestabelecer o processo de diálogo.
Agência Efe
Mediadores em reunião com a mesa diretora da Assembleia Nacional venezuelana, formada por legisladores opositores a Maduro, na última sexta-feira (20/01)
O “acordo de convivência democrática” sugere a realização de eleições para governadores (que deveriam ter ocorrido em dezembro passado), junto com as de prefeitos, este ano, e propõe “abordar” o cronograma eleitoral de 2018. A eleição presidencial está prevista para dezembro de 2018, mas a MUD quer antecipá-la.
A proposta também pede que os poderes Executivo e Legislativo se reconheçam mutuamente e pede que as duas partes não utilizem o diálogo para fins partidários e eleitorais.
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Aldo Giordano, núncio apostólico na Venezuela e um dos representantes do Vaticano no processo, afirmou na terça-feira (24/01) que a proposta entregue a governo e oposição são para “reflexão” para a elaboração de um documento comum. “Temos a esperança de alcançar um documento comum e que seja a base para esta etapa de diálogo”, disse Giordano.
O diálogo entre o governo e a oposição venezuelana iniciou-se no fim de outubro passado e foi suspenso no início de dezembro, quando a oposição acusou o governo de não cumprir o acertado e abandonou as negociações.
Unasul reitera compromisso de Zapatero com diálogo político
A Unasul reiterou nesta quarta-feira (25/01) o compromisso de Zapatero com o diálogo entre governo e oposição na Venezuela, após circularem notícias de que o ex-presidente espanhol teria dito que “não há nada a fazer” para melhorar situação política do país.
A organização disse que tal declaração foi noticiada por “meios de comunicação de duvidosa credibilidade” e que as palavras de Zapatero foram que o “diálogo político, mesmo em situação de antagonismo e diferenças irreconciliáveis”, é o “único caminho para o futuro” da Venezuela.