O presidente da Bolívia, Evo Morales, criticou neste domingo (25/06) a decisão da Justiça chilena de condenar nove cidadãos bolivianos detidos na fronteira entre os dois países no dia 19 de março.
“A Justiça chilena está subordinada a uma política de agressão; a sentença de multa e expulsão responde a esses interesses”, escreveu o mandatário em seu perfil no Twitter. “Os nove irmãos bolivianos foram flagelados, aprisionados e condenados a uma morte civil por represálias do governo do Chile. São mártires.”
Os sete funcionários alfandegários e os dois militares bolivianos passaram os últimos 90 dias presos em Iquique, no norte do Chile, após serem detidos em um incidente fronteiriço perto de Pozo Almonte. Segundo a Bolívia, eles atuavam em uma operação contra o contrabando no limite entre os dois países e não passaram da fronteira boliviana; já o Chile afirma que eles foram presos ao tentar roubar caminhões em território chileno.
Na última quarta-feira (21/06), a juíza chilena Isabel Peña ditou a sentença que condenou os nove bolivianos a três anos de prisão, que poderão ser substituídos pelo pagamento de uma multa de cerca de 50 mil dólares (cerca de 166 mil reais) e a proibição de entrada no Chile pelos próximos 10 anos para os funcionários da alfândega e 20 anos para os militares. A juíza também determinou a expulsão deles do Chile nos próximos 30 dias.
Evo também disse que “o Estado boliviano velará por nossos compatriotas sentenciados injustamente”. “Assinamos um decreto supremo para cobrir a multa”, acrescentou o presidente.
La justicia chilena, está subordinada a una política de agresión; la sentencia multa y expulsión responde a esos intereses.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 25 de junho de 2017
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Agência Efe
Cidadãos bolivianos durante leitura da sentença da juíza Isabel Peña no tribunal de Pozo Almonte, Chile, nesta quarta-feira (21/06)
O ministro da Presidência da Bolívia, René Martínez, também comentou o caso hoje em entrevista ao programa de TV boliviano “El Pueblo es Noticia”. Ele reiterou a posição do governo boliviano de que a sentença chilena se baseou mais em princípios políticos do que em judiciais e se trata de uma retaliação à requisição de La Paz contra Santiago na Corte Internacional de Justiça pelo acesso ao mar.
O ministro afirmou que o Chile desconsiderou os princípios de reciprocidade entre países ao condenar os nove cidadãos bolivianos, que foram considerados culpados das acusações de roubo, contrabando e porte ilegal de armas, no caso dos militares.
“Trata-se de uma decisão injusta que condena nossos compatriotas que cumpriam seu trabalho de luta contra o contrabando”, disse o ministro Martínez, que acrescentou que Santiago tem quebrado o acordo de livre trânsito de mercadorias bolivianas pelos portos de Arica, Antofagasta e Iquique, provocando perdas bilionárias a La Paz.
O ministro também afirmou que o governo já transferiu os recursos para o pagamento da multa imposta pela Justiça chilena e irá cuidar dos trâmites de repatriação dos nove cidadãos bolivianos, que deverão voltar ao país nos próximos dias.