Em entrevista ao jornal cubano Granma publicada nesta quinta-feira (13/07), José Ramón Balaguer Cabrera, chefe do Departamento de Relações Internacionais do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, falou sobre o 23º encontro do Foro de São Paulo, que acontece a partir de amanhã (15/07) até o próximo dia 19 em Manágua, na Nicarágua.
O encontro da aliança de partidos e movimentos de esquerda da América Latina acontece “em condições muito difíceis” para tais forças políticas na região, diz Cabrera, chefe da delegação cubana que estará presente na reunião.
Para o diplomata, chega-se a este encontro com uma consciência diferente daquela da época da criação do Foro, em 1990, ou dos anos em que forças de esquerda estavam no poder em mais países da região. “A arremetida da direita, bem assessorada desde o norte, pretende reverter o impulso progressista” dos últimos anos, acredita Cabrera.
Nos últimos 27 anos, o Foro “foi sumamente necessário e confirmou suas possibilidades de manter a esquerda em constante discussão, de uni-la para articular uma ação com o objetivo de impedir que sobre a América Latina se desenvolva sobre o domínio absoluto do império norte-americano”, disse ele.
Ele comentou que, na medida em que crescem as possibilidades de uma América Latina mais forte, cresce a pressão norte-americana para atravancar esse processo. “Trata-se de um projeto de guerra não convencional para impedir que na América Latina existam governos que possam enfrentar o domínio dos Estados Unidos em nossos países”, afirmou.
NULL
NULL
Granma
Cabrera: reunião do Foro na Nicarágua é um reconhecimento à Revolução Sandinista
“Nessa reunião, o objetivo principal é chegar à unidade das forças de esquerda, dos partidos e movimentos progressistas, dos que consideram necessário um sistema diferente do capitalismo para sair da pobreza, da exploração perversa que as grandes transnacionais, o sistema financeiro internacional e os Estados Unidos exercem sobre nossos países”, disse o diplomata cubano.
Em janeiro, um grupo de trabalho do Foro formado por representantes de movimentos e partidos de vários países elaboraram o Consenso de Nossa América, que será debatido no encontro que começa amanhã.
Segundo Cabrera, o documento “realiza uma aproximação histórica ao tema da unidade das forças revolucionárias, à necessidade da incorporação de um programa que transcenda a conjuntura eleitoral e defina em cada um de nossos países os passos para chegar ao poder e construir novas sociedades, soberanas, anti-imperialistas, solidárias”.
O diplomata também comentou que a celebração deste encontro na Nicarágua se trata de um reconhecimento à Revolução Sandinista e ao povo nicaraguense, liderado pelo presidente Daniel Ortega, da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional). O encontro também homenageará Che Guevara, cuja morte completa 50 anos em 2017, e a Revolução Russa, que chega a seu centenário.