O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou nesta segunda-feira (14/08) a violência racista de supremacistas brancos e neonazistas ocorrida em Charlottesville, no Estado da Virginia, no sábado (12/08). A declaração foi feita dois dias depois do ataque e após uma série de críticas de todo o espectro político contra Trump por ele não ter nomeado os grupos que se reuniram na cidade em manifestações de ódio contra pessoas negras, estrangeiras e LGBTs.
“O racismo é algo nocivo, e aqueles que causam violência em seu nome são criminosos, bandidos, incluindo a KKK [Ku Klux Klan], neonazistas, supremacistas brancos e outros grupos de ódio que são repugnantes a tudo o que valorizamos como norte-americanos”, disse Trump em pronunciamento à imprensa desde Washington, capital do país.
No sábado, após os confrontos entre neonazistas e antifascistas em Charlottesville, Trump afirmou que a violência na cidade foi iniciada por “vários lados”, se esquivando de nomear os grupos racistas e ultradireitistas que apoiaram sua candidatura em 2016.
O presidente foi criticado por democratas, republicanos e pela sociedade civil norte-americana. Segundo o jornal The New York Times, vários de seus principais assessores de Trump vinham pressionando para que ele fizesse uma declaração mais contundente e nomeasse os supremacistas brancos e neonazistas que se manifestaram na cidade no último sábado.
Na ocasião, James Alex Fields, um homem branco de 20 anos, atropelou um grupo de manifestantes que protestavam contra os supremacistas brancos, matando uma pessoa, Heather Heyer, de 32 anos, e deixando outras 20 feridas. O agressor foi detido e acusado de homicídio em segundo grau, entre outras acusações, e compareceria ao tribunal nesta segunda-feira.
Agência Efe
Manifestantes antirracistas em NY no domingo (13/08) em solidariedade a Charlottesville, na Virginia
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O procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, declarou nesta segunda-feira que o ataque perpetrado por Fields pode ser legalmente considerado “terrorismo doméstico”.
“Cumpre a definição de terrorismo doméstico no nosso estatuto”, afirmou Sessions em entrevista à emissora ABC, após o governo ter anunciado no sábado a abertura de uma investigação federal de direitos civis sobre o ataque.
A importância de o atentado ser declarado “terrorismo doméstico” é mais simbólica do que prática, já que esta denominação não acarreta penas adicionais, mas é fundamental em um momento em que muitos só utilizam a palavra terrorismo quando o agressor é muçulmano.
Sob o Patriot Act, aprovado após os atentados de 11 de setembro de 2001, uma violação das leis estatais ou federais é “terrorismo doméstico” quando efetuada, entre outras coisas, para “intimidar ou coagir uma população civil”.
“Pode ter certeza que avançaremos a investigação para as mais sérias acusações possíveis porque isto é inequivocamente um inaceitável ataque perverso que não pode ser aceito nos Estados Unidos”, disse Sessions.
O procurador-geral explicou que há investigadores de terrorismo do FBI que trabalham junto aos especialistas em direitos civis do Departamento de Justiça.
Sessions prometeu uma “ação enérgica” do departamento para defender os direitos dos cidadãos a se reunir e manifestar “contra o racismo e a intolerância”.
*Com Agência Efe