Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina e candidata ao Senado pela coalizão de esquerda Unidade Cidadã, acusou nesta segunda-feira (14/08) o governo de Mauricio Macri de manipular o resultado das eleições primárias realizadas ontem.
O governo declarou na madrugada de hoje que Cristina e Esteban Bullrich, aliado de Macri que concorre à mesma cadeira no Senado que a ex-presidente, terminaram tecnicamente empatados nas primárias da província de Buenos Aires, que definem quem irá participar da disputa definitiva, marcada para outubro.
“A democracia argentina é mais forte do que sua manipulação e sua arrogância”, afirmou Cristina em referência ao governo liderado por Macri, que interrompeu a apuração dos votos na disputa entre a ex-presidente e Bullrich na madrugada, quando faltavam 4% a serem contados e após vários episódios de parada durante a madrugada.
No momento em que a apuração foi interrompida, o Cambiemos, de Bullrich, tinha 3.046.195 votos (34,19% do total); já a Unidade Cidadã, de Cristina, 3.039.195 (34,11%). O 1Pais, do ex-candidato à Presidência Sergio Massa, teve 15,53%.
“A democracia argentina foi mais forte do que o medo e a concentração de recursos e de poder. O governo promoveu um plebiscito sobre o ajuste, e o perdeu: dois de cada três argentinos lhes disseram que não, que assim não se pode seguir”, afirmou a candidata ao Senado por meio de comunicado divulgado em suas redes sociais.
Segundo Cristina, na noite de domingo se viveu “um fato inaudito, insólito, vergonhoso de manipulação política: tentaram ocultar a verdade”. A ex-presidente disse que sua coalizão irá “defender os direitos da maioria” e que “o primeiro direito é o voto”.
“Não vamos parar até que se contem todos os votos, porque sabemos que ganhamos. Cada voto conta, cada voto é parte da soberania popular. E por um voto se pode decidir um legislador a mais ou a menos para defender os cidadãos desse ajuste insensível e injusto”, afirmou.
Cristina concluiu dizendo que resta “esperar o escrutínio eleitoral definitivo”. “Podem atrasar a entrega dos dados, manipular de maneira trapaceira a realidade, arrastar este escândalo por mais 20 dias até o resultado definitivo, querer criar uma realidade paralela na mídia, tentar ocultar, maquiar, distrair e confundir, mas não vão conseguir”, disse a ex-presidente.
Agência Efe
Cristina Kirchner em discurso na madrugada de hoje (14/08), após interrupção da apuração; ex-presidente acusa governo Macri de manipular resultado eleitoral
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O secretário de Assuntos Políticos e Institucionais do Ministério do Interior, Adrián Perez, disse nesta manhã que “pode ser que ganhe Cristina, pode ser que ganhe Bullrich. Vai ficar um 4% de mesas sem escrutar, que vai para o definitivo”, acrescentando que a contagem atual é provisória. Para ele, é “normal” que isso aconteça nesta modalidade de apuração. “O escrutínio provisório terminou: há empate técnico. As mesas que faltam se analisarão no escrutínio definitivo”, afirmou.
“Sobre o quase 96% de mesas apuradas, há um empate técnico entre Cambiemos e Unidade Cidadã na província. Está dando 34,19% e 34,11%. Há seis mil votos de diferença em 9 milhões de sufrágios. Não há diferença”, disse Perez. Segundo o La Nacion, os resultados definitivos podem sair em até 15 dias.
Primárias
As primárias definem os candidatos da eleição legislativa de 22 de outubro, no qual serão renovados metade dos 257 deputados e um terço dos 72 senadores do país.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, foi acusado de fazer boca-de-urna durante seu voto, no bairro de Palermo, em Buenos Aires. “Espero que todos os argentinos se expressem com alegria em favor da mudança que estamos fazendo”, disse.
Macri participou ativamente da campanha especialmente na província de Buenos Aires, onde Cristina tenta disputar uma vaga para o Senado. O partido dele obteve bons resultados em províncias importantes como Córdoba, Santa Fé e Mendoza.
Essa é a quarta vez que a Argentina realiza primárias desde que o sistema foi aprovado em 2009.