O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, sugeriu nesta segunda-feira (16/10) um prazo de “dois meses” ao governo central para abrir um canal de diálogo e negociar uma saída política após a declaração de independência da última terça (10/10), que teve seus efeitos suspensos logo após o anúncio. O governo catalão não respondeu nem que sim, nem que não, à questão sobre se realmente Barcelona pretende se separar.
O pedido foi feito em resposta ao ultimato do premiê Mariano Rajoy, que havia dado até as 10h de hoje (6h em Brasília) para Barcelona clarificar se havia efetivamente anunciado a separação da Espanha. Madri não considerou a resposta válida enviada por Puigdemont, pedindo mais tempo, por “falta de clareza”, de acordo com o ministro da Justiça, Rafael Catalá.
Com a negativa de Madri de reconhecer a resposta da Catalunha como válida, passa a contar o segundo prazo dado por Rajoy – Barcelona tem até as 10h (6h em Brasília) desta quinta para voltar atrás na independência, sob pena de intervenção do o governo.
A resposta da Catalunha
Pugidemont pediu a Rajoy “o mais rápido possível” uma reunião para “explorar os primeiros acordos”. Na resposta, o governo catalão anexou documentos relativos a seu discurso de terça, além da lei que autorizou o referendo – considerado ilegal por Madri – e os resultados da votação, que decidiu, com mais de 90% de sim, pela independência.
NULL
NULL
Agência Efe
Carles Puigdemont, presidente da Catalunha: sem resposta sobre se houve independência ou não
No texto, o presidente catalão voltou a citar o que chamou de “mandato do povo da Catalunha” para que forme “um Estado independente em forma de república”. “A nossa intenção é percorrer o caminho de forma lembrada tanto no tempo como nas formas. A nossa proposta de diálogo é sincera e honesta”, disse.
“Por tudo isso, durante os próximos dois meses, nosso principal objetivo é pedir-lhe para dialogar e que todas aquelas instituições e personalidades internacionais, espanholas e catalãs, que expressaram sua vontade de abrir um caminho de negociação tenham a oportunidade de explorá-lo”, afirma o catalão.
Repressão
Puigdemont pediu a Madri que “reverta a repressão contra o povo e o governo da Catalunha e concretize o mais rápido possível uma reunião que lhes permita explorar os primeiros acordos, para não deixar que a situação se deteriore ainda mais”. “A nossa proposta de diálogo é sincera, apesar de todo o ocorrido, mas logicamente é incompatível com o atual clima de crescente repressão e ameaça”, disse.
A respeito do diálogo, o presidente catalão afirmou: “Com boa vontade, reconhecendo o problema e o olhando de frente, tenho certeza de que podemos encontrar o caminho da solução”.