Atualizada em 03/05/2018 às 13h
Reprodução
Em 7 de maio de 1994, a famosa tela norueguesa “O Grito”, de Edvard Munch, foi recuperada quase três meses depois de ter sido roubada de um museu em Oslo. A delicada pintura foi descoberta, incólume, num hotel em Asgardstrand, cerca de 60 quilômetros ao sul de Oslo, segundo informações da polícia.
O icônico quadro de 1893 representando a figura de uma criança esquelética e abandonada sobre uma ponte foi furtada em apenas 50 segundos em 12 de fevereiro, dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994 em Lillehammer, quando todas as atenções estavam voltadas para o evento. Dois ladrões forçaram a entrada na Galeria Nacional, quebrando o vidro de uma das janelas laterais e cortando o fio que prendia o quadro à parede. Ao levar o quadro, tiveram a petulância de deixar um bilhete onde se lia: “Mil agradecimentos pela má segurança”.
Alguns dias após o roubo, um grupo antiaborto norueguês disse que poderia trazer o quadro de volta se a televisão norueguesa exibisse um filme antiaborto. A afirmação logo se mostrou falsa. O governo também recebeu um pedido de resgate em 3 de março de um milhão de dólares, porém recusou-se a pagar devido à falta de provas de que o pedido era genuíno.
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Finalmente, a polícia encontrou quatro peças da moldura do quadro em Nittedal, um subúrbio ao norte de Oslo e algo que poderia ser uma mensagem criptografada de que os ladrões queriam discutir o valor do resgate. Quase dois anos depois, quatro homens foram processados e sentenciados por sua conexão com o assalto. Entre os meliantes constava Paal Enger, quem já havia sido condenado em 1988 pelo roubo de “O Vampiro” do mesmo Munch em Oslo. Enger foi então sentenciado a seis anos e meio de prisão. Conseguiu evadir-se durante uma viagem pelo campo e recapturado 12 dias depois usando uma peruca loira e óculos escuros, tentando comprar uma passagem de trem para Copenhague.
Wikimedia Commons
Exibição do quadro “O Grito”, em 2006, sob esquema de segurança muito mais rigoroso em Oslo
Em agosto de 2004, outra versão de “O Grito” foi roubada junto com o quadro “A Madona” de Munch, desta vez do Museu Munch em Oslo. Três homens foram condenados em maio de 2006, envolvidos que estavam com o crime. A polícia recuperou ambas as telas sem grandes dificuldades. Ainda outra versão de “O Grito” de Munch permaneceu em mãos privadas e foi vendida em 2 de maio de 2012 por 119,9 milhões de dólares, tornando-se a obra de arte mais cara a ser vendida em leilão público.
Edvard Munch desenvolveu um estilo marcadamente emocional sendo visto pelos críticos como um importante antecessor do movimento expressionista do século XX. Pintou “O Grito” como parte da série “Painel de Vida” em que enfermidade, morte, medo, amor e melancolia eram temas centrais. Morreu em janeiro de 1944 aos 81 anos.