Após a Corte Real de Justiça de Londres decidir, nesta segunda-feira (20/05), que o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, pode contestar a eventual extradição aos Estados Unidos caso este seja o julgamento do Supremo Tribunal, a esposa do jornalista, Stella Assange, classificou o anúncio como “um sinal muito bom”.
Falando à imprensa após a permissão do recurso, Stella ainda declarou que “o governo dos Estados Unidos deveria aproveitar este momento para abandonar o caso e colocar um fim nisso. Essa administração [do presidente Joe Biden] deu início no caso, mas já deveria ter colocado um fim”.
Stella Assange addresses the press after Julian granted leave to appeal
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Stella também relatou ter conversado sobre a decisão do processo com o jornalista, que está preso na penitenciária de segurança máxima em Belmarsh.
“Eu falei com Julian depois da decisão. Ele obviamente não estava na Corte, mas ele ouviu as notícias e falou com seus advogados. Eu expliquei como foi nosso dia, curto, mas de momentos muito tensos antes da decisão ser anunciada”, explicou Stella.
Segundo seu relato, sua conversa com o marido chegou ao fim quando um guarda bateu à porta e ela os ouviu parabenizando Assange pela decisão.
“Ele estava obviamente aliviado, não havia dormido a noite toda e está sob enorme pressão. É difícil para todos nós imaginar o que ele tem vivido em Belmarsh por cinco anos e viver todo esse processo na cela, isolado de todos”, declarou ainda.
Para ela, os juízes da Corte, um dos mais altos tribunais da Inglaterra e do País de Gales, “obviamente viram o problema sobre os Estados Unidos estarem aplicando suas leis de espionagem internacionalmente e dizendo que se você não é um cidadão norte-americano, você não tem acesso às proteções constitucionais”.
“Os juízes estavam profundamente perturbados com isso, eu diria, e permitiram o direito ao recurso”, avaliou.
Já segundo o jornal britânico The Guardian, Stella ainda falou com apoiadores de Assange após a decisão da Corte. Segundo Biden estava “correndo contra o tempo para fazer a coisa certa”, que seria abandonar as denúncias contra o jornalista.
“Como família, estamos aliviados com o fato de os tribunais terem tomado a decisão certa hoje, mas por quanto tempo isso pode continuar? Nosso filho mais velho acabou de fazer sete anos”, disse ela.
“Todas as lembranças que eles têm do pai estão na sala de visitas da prisão de Belmarsh e, à medida que o caso avança, fica cada vez mais claro para todos que Julian está na prisão por fazer um bom jornalismo, por expor a corrupção, por expor as violações de pessoas inocentes em guerras abusivas para as quais há impunidade”, informou ainda o periódico.
Pela atuação investigativa no site Wikileaks, o jornalista australiano está sob detenção da polícia de Londres na prisão de segurança máxima de Belmarsh desde 2019, onde tem sofrido tortura psicológica, como alega seu pai John Shipton, mesmo após ter sua extradição negada pela justiça do Reino Unido pelas más condições de saúde mental em que se encontrava.
Fundado em 2006, o site publica informações e documentos relevantes para o interesse público sobre assuntos sensíveis, mas que estão sendo mantidos em confidencialidade. No momento, Assange enfrenta acusações do governo dos Estados Unidos por ter tornado públicos os documentos do exército norte-americano sobre seus crimes de guerra e abusos contra os direitos humanos no Iraque e no Afeganistão.
As autoridades norte-americanas querem condenar Assange argumentando que suas ações no WikiLeaks prejudicaram a segurança nacional dos EUA, colocando em perigo a vida de agentes norte-americanos.
Acusado por ter revelado 250 mil documentos militares e diplomáticos confidenciais, Assange enfrenta 18 acusações baseadas na Lei de Espionagem dos EUA. Se condenado, pode pegar até 175 anos de prisão.
(*) Com Agência Brasil